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terça-feira, 30 de setembro de 2008

Mcartismo ibérico




O 20 de Setembro clausurou-se em Mälmo (Suécia) o V Foro Social Europeu, em Dezembro terá lugar um Foro Social Galego (FSGal) em Compostela, em que entre outros representantes arredistas se topava José Manuel Beiras Torrado. Mais umha vez defendêrom a necessidade de construir umha outra Europa e indicárom que hogano a UE se topa num ponto morto do que só sairá através dumha democratizaçom real que passa por submeter a referendo o Tratado de Lisboa urbi et orbe e polo reconhecimento das minorias e das naçons assobalhadas. Tocante a isto último, defendeu-se o direito à autodeterminaçom dos povos como plebiscito democrático, traia consigo ou nom a independência, algo intolerável para o Estado espanhol em pleno apogeu da sua caça de bruxas coa que impede umha consulta popular desde e para Euzkadi e ilegaliza aos partidos políticos que nom aceitam “la Constitución” ou “la reglas del juego”, ou seja, que Espanha é confessional, ou se acredita na Constituiçom franquista de 1978 ou se vai à fogueira... como indicava Larra hai liberdade de expressom mentres se sonha. Vaites, vaites.

Beiras tamém assinalou a progressiva destruiçom das bases materiais e das estruturas económicas nacionais, especialmente em territórios ocupados como a Galiza, e advogou pola reconstruçom da ONU baseada nos de povo e naçom, utopia, que nom quimera, hoje inacadável mais necessária para albiscar a morte do neocolonialismo (neocolonialismo interior no Maciço galaico). Isto pola banda de Lestrove.

Pola banda de Laínho percebe-se umha forte treboada e mar de fundo com fortes marejadas. A recente ilegalizaçom de ANV e de EHAK (PCTV) nom augura soluçom algumha ao denominado conflito basco e, em palavras do conselheiro basco de Interior, Javier Balza, contribui unicamente para “acalar o liderato da esquerda abertxale” o qual “nom pode reconduzir a situaçom”.

De facto, estamos perante umha conculcaçom massiva dos direitos cívico-políticos mais elementares de milheiros de cidadaos em Euzkadi (os representantes do PCTV obtivérom 150000 sufrágios em Ajuria Enea, umha broma como se di por aqui). Por outra banda tira-se a pedra e alimenta-se com políticas mcartistas de perseguiçom e encarceramento de representantes políticos e de gestoras pro-amnistia (como Askatasuna), pola outra agocha-se a mao e clama-se com indignaçom polo cesse definitivo da loita armada de ETA e mesmo se estuda encarcerar a De Juana Chaos por duas palavras: “Aurrera bolie”, o que cumpre ouvir por nom estar surdo... Como alguém pode ser condenado a vários anos de cadeia polo simples facto de escrever duas palavras? Ainda bom que nom podem ler-nos os pensamentos...

Em minha opiniom, descabeçar, perseguir, ilegalizar e encarcerar som verbos que alimentam, nom enfraquecem, o ódio, o rancor e o enconamento das posturas. O exemplo irlandês é ignorado polo mediocre politiqueio espanholista, mas é evidente que sem o Seinn Fein jamais se “reconduziria” ao IRA e que sem a esquerda abertxale, mais de 20% da sociedade basca, nom pode haver saídas nem paz. A esquerda abertxale tem que convencer a Euzkadi ta Askatasuna (Euzkadi E Liberdade) que matar inocentes nom convence à sociedade basca dos objectivos políticos abertxales, perfeitamente legítimos, e que só se pode loitar contra as forças vivas do inimigo, nom contra civis e inocentes. Aliás, o tiranicídio nom muda as condiçons objectivas que geram a tirania e só a desobediência e a rebeliom massiva, através da acçom social e da conscienciaçom, permitem enxergar vieiros para derrotar ao espanholismo, do contrário cai-se na linha das forças de ocupaçom, só que co indubitável e cada dia mais próximo sabor da derrota: “Nada étam estúpido como vencer. A verdadeira glória está em convencer” como dizia Vítor Hugo.

Aliás, nom podem existir condiçons para a negociaçom quando sistematicamente o nacionalismo espanhol, mais forte ca nunca aventuraria-me a dizer, trata de terrorista a qualquer um dos colectivos arredistas de Euzkadi, Catalunya e Galiza e quando nega umha e outra vez o direito à autodeterminaçom dos povos seguindo o princípio goebbelsiano de que as “verdades” se constroem a por de repetir umha e outra vez a mesma mentira.

A impostura, o recorte de liberdades e a debilitaçom das garantias democráticas tem atingido hoje um nível só equiparável aos quarenta anos de nacionalismo íntegrista e fundamentalista do franquismo e ao terrorismo de estado dos GAL, a Tripla A e o Batalhom basco-espanhol. A Lei Antiterrorista e a sacralizaçom da Constituiçom, como se os textos jurídicos fossem eternos e emanados por Iavhé ao povo espanhol nos Montes de Toledo, em Covadonga ou na M-30, sinaís da mitologia burguesa de Espanha... piares ao serviço da ditadura das maiorias sodomizadas. Os meia espanhóis desenham a “censura do consenso” lançando-a através da contínua tematizaçom sobre os perigos do “nacionalismo” basco e catalám enquanto calam o seu e geram um estado de opiniom favorável aos seus pérfidos interesses de classe (neoliberalismo, venda de sectores estatais estratégicos a capital foráneo, recorte dos direitos dos trabalhadores...) e aos seus abusos e atropelos (debilita-se a democracia, desaparece a autonomia do poder judicial, suprime-se a liberdade de expressom e incrementa-se a pressom e a exploraçom sobre das naçons ocupadas coa centralizaçom salvage do Estado, ameaçando incluso a Portugal).

O imperialismo espanholista nom deixa de prostituir as palavras democracia e liberdade: constringe a primeira a um sistema ternista PSOE-PP controlados polos interesses do grande capital e atafega a seguna, especialmente nas “nacionalidades históricas”, co mcartismo ou o desprezo e a ocultaçom. A vontade dos povos catalám, basco, aragonês, asturiano e galego sempre fica supeditada aos ditados da classe dirigente espanhola, nem tam sequer ao povo espanhol, se existe como tal para além da mitologia imperialista e burguesa parida das Cortes de Cádis em 1812 e imposta polo Estado liberal, a educaçom e os meia... poderes todos eles, junto a Igreja, fácticos como se di por aí.

Assí as cousas, cantamos com Barricada aquilo de “Callejón sin salida” enquanto nos volverám assinalar co infame dedo acusador por nom pregar-nos ao racismo lingüístico, a ética de Narciso do capitalismo e por nom ir aos touros nem animar à selecçom “roja y gualda”. Somos “rojos y separatistas”, somos a “anti-Espanha” porque ainda nos atrevemos a empregar o menos comum dos sentidos, a nom tragar coa sua desinformaçom alienante e a dar a cara por umha sociedade mais justa, igualitária e solidária, onde a educaçom no espírito crítico e a liberdade individual estejam por cima de tertúlias baleiras de televisom para vomitar na sobremesa. Dixi.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

O “tema” catalám e basco

Enric Xico i Comas[1]

Mais ou menos conhecida é a teoria da agênda-setting. Esta di-nos que a sociedade fala duns temas e nom de outros a partir, tamém, da informaçom que consome dos meia. Ou seja, que a gente remata falando do que vê na televisom, escoita na rádio e lê nos jornais. E digo que é mais ou menos conhecida porque amiúdo confunde-se, inclusive em círculos académicos, com outras teorias. Nom é o mesmo os temas dos que fala a gente ca do que gostariam os meios que comentara. Eis onde entra em jogo umha outra teoria, a da tematizaçom.

Tematizar nom é mais nada ca intentar incrustar uns ou outros temas na agênda política para assí controlar melhor a conjuntura. Assí o afirma o teórico Carlo Marletti. Em definitiva, tematizar significa informar (ou desinformar) reiteradamente sobre uns temas para condicionar a agênda-setting da sociedade e, em conseqüência, tentar influir nas atitudes do público.

No Estado espanhol, o conflito provavelmente mais tematizado é o encaixe das distintas naçons que nel tentam conviver. Concretando, os conflitos [galego,] basco e catalám aparecem continuamente nos meia espanhóis. Isto seria lógico se realmente houvera conflito. Porém precisamente o que se fai e criar, tematizar, uns conflitos onde nom os hai. Neste intre quando os meios decidem insistir na perpetuaçom de temas para tentar condicionar as atitudes dos seus consumidores[2].

Exemplos ainda mais concretos temos a moreias. Porém para nom maçar, centraremo-nos só em dous, actuais e, ao mesmo tempo, quase eternos. O primeiro é a ofensiva implacável contra a política lingüística catalá. Em Catalunya nom existe nengum conflito co castelhano. Todos os moços que vivem no nosso país rematam os estudos sabendo mais castelhano do que catalám. As provas de Selectividade assí o demonstram. E nengum cidadao de Catalunya, absolutamente nengum, tem problemas para viver toda a sua vida sem empregar umha soa palavra da língua própria deste território.

O ouro exemplo é a (nom) participaçom de ETA nos atentados do 11-M. Passárom mais de quatro anos desde aquel crime massivo; julgárom-se e condenárom-se os principais autores; desmontárom-se todas as teorias conspiratórias, mas ETA seguiu assomando-se aos cabeçalhos dalguns meios de comunicaçom ao lado do 11-M.

A intençom é clara. No caso do catalám, alguns meios de comunicaçom, dumha tendência ideológica marcadamente anticatalá ( nom só anticatalanista), dam asas a manifestos demagógicos publicando-os acotío na capa. Provavelmente sabem que o se denúncia é falso, mas nom importa. No fundo, o que interessa é criar a sensaçom [permanente] de conflito para assí justificar e condicionar as atitudes políticas da sociedade espanhola. Exactamente o mesmo pretende-se quando se tenta tematizar a ideia de que ETA estivo por trás dos atentados mais sangrentos da história moderna da Espanha.

A estes meios de comunicaçom, no fundo, o que lhes inqueda é o simples questonamento da unidade de Espanha. Sabem que nestes territórios existe um número importante de gente que defende um direito, o da autodeterminaçom dos povos, que algum dia pode ser exercido livremente. E o dia que isto passe poderia ganhar o à independência. Nom nos enganemos, este mesmo temor tenhem-no outros meios, incluso os mais importantes editados em Catalunya e Euzkadi [já nom falemos de La Voz de Galicia na nossa naçom]. Com umha diferença: utilizam outras estratégias menos agressivas para convencer ao público de que a independência destes territórios nom é a soluçom ao conflito.

Porém o que nom semelha que tenham bem estudado os responsáveis destes meios de comunicaçom é a influência real das suas estratégias tematizadoras. Provavelmente criam-se as enquissas e os estudos de opiniom pagados por eles mesmos. Ou, ao melhor, fiam-se mais dos comentários que lem nos seus portais electrónicos ou das cartas recebidas que destas enquissas. Porém se leram moitos dos estudos sérios que se realizam cada pouco, entre eles algumhas tesinhas doutorais, descobririam que a influência nos consumidores de meios amiúdo é menor da desejada. Por vezes, incluso produze o efeito a contrário quando o público implicado sabe discernir claramente os feitos reais dos inventados ou tergiversados. Está demonstrado que a influência dos meios é menor quanto mais perto está o público do conflito tematizado. E ao revês, quando mais longe estás dum tema informativo, maior é a credibilidade e influência que tenhem os meios de comunicaçom.

Assí, estám conseguindo nos territórios implicados o efeito a contrário do desejado. Produze-se em Catalunya o que o presidente da Generalitat de Catalunya denominou desafeiçom a respeito de Espanha. E dixo-o alguém, José Montilla, quem, segundo pensam moitos catalanistas, é um fervente defensor da unidade de Espanha. E consegue-se que os planos soberanistas de Ibarretxe, pese à sentencia adversa do TC, continuem recebendo adesons dentro e fora de Euzkadi.

Quiçais pois, estes meios de comunicaçom, e os poderes políticos e económicos que lhes dam acubilho, tenhem moi clara a sua estratégia comunicativa à hora de tratar de conseguir o seu objectivo político e social. E quiçais haja moitos espanhóis que acreditem e se deixem influir por estas estratégias tematizadoras. Porém quiçais, e só quiçais, se estejam equivocando de estratégia e haja moita gente em Catalunya e em Euzkadi que estejam fretando as maos, porque enquanto uns se empenham em demonstrar que os anjos tenhem sexo eles vem mais perto ca nunca a soluçom ao conflito que padecem.

http://www.chantadanova.blogspot.com



[1] Enric Xicoy i Comas é jornalista e professor da Faculdade de Comunicaçom Blanquema da Universidade Ramon Llul. O artigo original, em castelhano, pode ler-se no jornal Público (15-9-08), a traduçom para o galego-português é nossa e as anotaçons entre colchetes tamém.

[2] Outro exemplo é a pressom que ultimamente se exerce sobre do eleitorado basco para que nom vote ao PNV nem aos partidos “nacionalistas” dando por sentada a vitória das forças espanholistas sem nengumha base objectiva.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

As FARC-EP e o nosso futuro

Iñaqui Gil de San Vicente, www.lahaine.org[1]

O colectivo La Haine pediu-me hai uns dias a minha opiniom sobre dos últimos acontecimentos relacionados coas FARC-EP. Devido à falha de tempo para elaborar um texto mais amplo e profundo, limito-me a apresentar as seguintes teses.

1. A ofensiva contra as FARC-EP nas Américas, que já se está estendendo a Europa, é parte da ofensiva geral do capitalismo contra a humanidade trabalhadora. Se bem a sua causa primeira tem que buscar-se no interior de Colômbia e na regiom circundante até abranger toda América, nom devemos esquecer a questom decisiva do esgotamento do longo ciclo expansivo capitalista do arredor de cinqüenta anos --os “trinta gloriosos” mais as duas décadas que o sistema logrou estirá-os graças ao neoliberalismo, a financierizaçom e o “dinheiro barato”, a “nueva economía”, a “economia imaterial” ou da “inteligência”, o globo financeiro-imobiliário, o keynessianismo militar, os baixos preços das energias, etc.--, que agora semelha que toca à sua fim, sem entrar aqui no debate sobre dos ciclos de Kondratiev, as fases longas e outras teorias ao respeito.
2. O que si está claro é que o imperialismo se enfronta a problemas novos e a problemas clássicos porém enervados ao máximo, como o da lenta, mas persistente, caída da taxa meia de benefício a nível mundial, que é mais decisivo do que se crê a simples vista, por exemplo. Como veremos nas teses, a sincronizaçom e confluência de tais problemas novos e clássicos, “crises parciais” que como afluentes se fusionam num grande torrente, numha previsível “crise sistémica[2]” mais grave do que as anteriores, obriga-nos a avançar hipóteses de futuro. Ora, no contexto novo ao que parece que estamos abocados, as FARC-EP, ao igual que outras organizaçons revolucionárias dignas de tal nome pratiquem ou nom a luita armada, assumem um papel clave no prático e no teórico.
3. A repressom incrementada que sofrem todas elas, pratiquem ou nom a violência política de resposta, nom responde apenas à sua luita presente, e isto nunca deve esquecer-se nem menosprezar-se, mas tamém ao seu potencial de praxe para o futuro que se aproxima, e que em múltiplas cousas é já presente imediato. Como sabemos, o imperialismo tem aparelhos dedicados exclusivamente a prever as tendências evolutivas fortes, as plausíveis; mas, sobretodo, as mais factíveis, e a adiantar estratégias e tácticas para intervir nelas em tempo. Desde fai vários anos, o imperialismo está concedendo moita atençom aos chamados “cenários críticos” que inçam sem jeito porque sem jeito surgem as resistências activas ou passivas contra o imperialismo. A perseguiçom das FARC-EP e das esquerdas revolucionárias em geral é parte das estrategias ideiadas previamente, como a segunda invasom do Iraque estava pensada antes do 11-S de 2001[3].
4. As teses que aqui apresento vam mais alá de moitas das interpretaçons ao uso, ideias comuns que se repetem com insistência e que reduzem o problema a simples assuntos internos colombianos, chegando em alguns casos a entrever o problema geral das Américas e da sua funçom dentro dos projectos norte-americanos. No entanto, estas teses nom som conciliáveis co grosso das ideias da esquerda tradicional e do reformismo chamado “duro”. Para estudar essa oposiçom frontal hai que partir de longe porque umha das piores conseqüências que para o marxismo tivo a degeneraçom parlamentarista --que é todo o contrario do uso revolucionário do parlamento burguês como umha táctica mais de loita política revolucionaria-- que começou a dar-se afinal do século XIX foi a de abandonar na prática e logo combater abertamente na teoria o papel que até entom tivera lo militar no corpus central da praxe revolucionária.
5. “O militar” visto em sentido marxista, que nom no burguês, é umha teoria única que integra quatro grandes blocos interrelacionados: um, o papel dos exércitos na produçom económica desde a antigüidade até agora; dous, o papel dos Estados exploradores e dos seus aparelhos de violência repressiva especificamente sócio-política e ideológica; três, o papel da violência nas loitas revolucionárias como o conjunto de tácticas, métodos e alternativas de acçom que chocavam de imediato ou que tarde ou cedo chocariam coas forças repressivas e violentas do opressor, e que por isso deviam e devem ir adaptando-se às mudanças nas correlaçons de forças e às necessidades da loita, tácticas transitórias sempre sujeitas aos objectivos históricos e à estratégia ajeitada; e, quatro e último, o papel da ética revolucionária para explicar o direito/necessidade da violência defensiva das massas exploradas eles em cada um destes pontos particulares e na teoria marxista no seu conjunto.
6. O efeito devastador do parlamentarismo multiplicou-se exponencialmente coa “teoria de convivência pacífica” entre a URSS e o imperialismo, especialmente na Europa ocidental onde a mistura entre o marxismo livresco e académicista, que odiava a prática e dormia nos claustros, e o reformismo eurocomunista deu como resultado a extinçom do marxismo quanto teoria da revoluçom comunista. No seu lugar, o mercado das ideologias “alternativas” ao sistema foi inundado por modas fugazes e “supercharias” pacifistas --¿alguém se lembra do “Partido Radical” italiano, dos “verdes eco-pacifistas” alemáns, por nom falar do após-modernismo mais recente, etc.?--, fabricadas industrialmente pola casta intelectual, que varrêrom rapidamente aos restos maoístas e marxistas-leninistas, e que agora estám acabando tamém cos trotskistas obnubilados por um “anti-capitalismo” elástico que pode rematar justificando quase todo.
7. Dada a influência considerável deste eurocentrismo reformista em boa parte das esquerdas de outros continentes e culturas nom é de estranhar-se que “o militar” tamém desaparecera noutras moitas organizaçons agá naquelas que por diversas circunstáncias seguírom aplicando o método marxista, a sua ortodoxia no sentido lukacsiano. As FARC-EP som umha delas, na que nos estenderemos despois. Agora temos que seguir explicando o processo degenerativo que levou a que perante a actual crise capitalista, que pode rematar num caos mais destrutor que o da crise sistémica de 1929, e desde logo moi superior ao da crise estrutural de finais dos ’60 e começos dos setenta do século XX, perante esta deriva actual para o caos, praticamente ninguém que nom seja “ortodoxo marxista” tem em conta “o militar” como umha parte essencial da totalidade capitalista no seu devir histórico.
8. Conceitos como o de “guerra global permanente”, “capitalismo de guerra”, a guerra como “modelo do capitalismo”, “guerra preventiva”, “guerra assimétrica”, “guerra irrestrita”, “nova guerra dos 100 anos”, “guerra continua”, etc., som moi freqüentes nas análises sobre da situaçom actual. Som inclusive conceitos obrigados em moitos textos porque a brutalidade imperialista é tam descarada e cínica que qualquer estudo sobre do presente que procure um mínimo crédito deve fazer sequer umha mençom indirecta ao papel da violência exploradora nas suas diversas formas, desde los exércitos “privados” até as bases ianques em todas partes, passando pola interacçom entre guerras de diferentes “geraçons” incluída a “quarta” contra as classes e povos insurgentes de meio mundo incluída Euskal Herria no coraçom da “Europa democrática”, no mantemento do sistema imperialista a começos do século XXI.
9. No entanto, com demasiada freqüência hai um abismo insaneável entre estas referências quase obrigadas, quase tópicas, e a teoria marxista da violência na história em geral e no capitalismo em concreto. Umha síntese desta teoria oferece-a Marx na sua carta a Engels datada do 25 de Setembro de 1857:
“A história do exército prova, com maior evidência que nada, a justeza do nosso ponto de vista sobre da conexom entre as forças produtivas e das relaçons sociais. Polo geral, o exército tem importáncia no desenvolvemento económico. O salário, por exemplo, desenvolveu-se plenamente e por primeira vez no exército dos antigos. O peculium castrense é tamém, em Roma, a primeira forma jurídica em que se reconhece a propriedade mobilaria dos nom cabeças de família. O mesmo pode dizer-se do regime gremial, que surgiu por primeira vez nas corporaçons dos fabri. Tamém aqui observamos por primeira vez a aplicaçom das máquinas em grande escala. Incluso o valor especial dos metais e o seu uso como cartos parece remontar-se originariamente -apenas superada la Idade de Pedra de Grimm- a sua importáncia militar. Tamém a divisom do trabalho dentro dumha mesma rama da indústria parece ter-se aplicado por primeira vez nos exércitos. Neles observamos, aliás, resumida e palmariamente, toda a história da sociedade civil. Se algum dia tes tempo, deves analisar o problema desde este ponto de vista.
Os únicos pontos que deixaches por tocar no tu escrito som, em minha opiniom, os seguintes: 1) a apariçom de autênticas tropas marcenarias, por primeira vez, em grande escala, e de súpeto, entre os cartagineses (para o nosso uso privado consultarei um livro sobre do exército de Cartago escrito por um berlinês e de cuja existência decatei-me hai pouco). 2) O desenvolvemento do exército em Itália n o século XV e começos do XVI. Aqui, precisamente, nascêrom as argucias militares de carácter táctico. (…). E por fim, 3) O sistema militar asiático, tal como apareceu originariamente entre os persas e, despois, nas mais diversas variedades, entre os mongóis, os turcos, etc….”.
10. Nom é de estranhar, portanto, que baseando-se nesta teoria enunciada em 1857 por Marx, que já vinha sendo desenvolvida desde algo mais dumha década e que seria completada posteriormente, sobretodo, no brilhante capítulo sobre a acumulaçom originária no Vol. III de O Capital, Engels pudera dizer duas décadas mais tarde no Anti Dürhing, texto em que as páginas económicas estavam redactadas por Marx, que o grande acorazado moderno era um compêndio inteiro da sociedade capitalista. Esta afirmaçom é exactamente certa porque mostra como a lógica da exploraçom social, da obtençom de plusvalia e da ditadura do tempo assalariado ou tempo burguês, rijem determinantemente em toda a sociedade capitalista, nos seus sistemas tecno-científicos e nos seus aparelhos militares e estatais. A disciplina militar, temporal, laboral e moral imperante, por exemplo, na IV Frota imperialista ianque que ameaça directamente à paz precária dos povos soberanos nas Américas, é a “quinta-essencia” da orde disciplinária que actua consciente e inconscientemente no seio da sociedade capitalista ianque.
11. Por exemplo, a IV Frota assí como os milheiros de soldados e mercenários ianques que actuam impunemente nas Américas funcionam coa disciplina fabril capitalista porque estám sob o império cego da temporalidade burguesa, da exigência da máxima acumulaçom no mínimo tempo possível, e da supeditaçom do obsoleto espaço material e de trabalho desqualificado às prioridades dos novos espaços materiais e simbólicos de produçom e do trabalho qualificado que lhe é inerente. Se ataca a frota nom será apenas umha “intervençom militar” no sentido normal do termo, mas umha política geral de implantaçom do capitalismo ianque mais moderno no coraçom das Américas, quer dizer, umha espécie de enxerto artificial, ou pior e mais correctamente definido: a inoculaçom do vírus mortal da salvage civilizaçom ianque, dos “diabos loiros”, nas culturas e formas de viver dos povos americanos, já bastante deterioradas mas que podem piorar ao serem infectadas pola “civilizaçom do norte”.
12. As outras três componentes internas da teoria marxista da violência e do “militar” mostram aqui a sua vital valia já que explicam, ora, o papel clave do Estado burguês e o seu sistema repressivo como garantes da passividade obediente da força de trabalho explorada; ora, as respostas de defensivas u ofensivas dos povos trabalhadores explorados e ora, a importáncia da loita teórica e ética contra a ideologia burguesa. Umha das virtudes desta visom dialéctica e integral do problema é a que nos permite e à vez nos exige ter sempre em conta a dependência das chamadas incorrectamente “burguesias nacionais” para as suas irmás exteriores, as burguesias imperialistas.
13. Desde esta perspectiva, o desenvolvimento do capitalismo e as suas crises é inseparável do accionar interno do “militar” na sua globalidade, embora sempre considerando o aspecto clave em última instáncia de que a produçom de armas se bem a curto prazo desatasca determinadas crises pontuais, a meio e longo prazo é um gasto improdutivo, um espargir irracional que lastra e frena o processo de acumulaçom ampliada de capital. A evoluçom do imperialismo durante um século nom fixo mais do que confirmar a correcçom histórica desta teoria na sua essência, ampliando-a e melhorando-a nos seus aspectos particulares.
14. As regularidades genético-estruturais confirmadas no tempo mostram como é que as resistências de todo tipo –incluídas as pacíficas e nom violentas-- dos povos explorados e das suas classes trabalhadoras tenhem sido decisivas para, a escala mundial, acelerar desde dentro da totalidade concreta do sistema capitalista a interacçom entre as contradiçons endógenas ou estritamente económicas e as exógenas ou políticas, nacionais, culturais e meio-ambientais. A soluçom dumha suposta e falsa separaçom absoluta e artificial entre o endógeno e o exógeno dentro da totalidade, se obtém simplesmente compreendendo que o sócio-económico é inseparável do sócio-político, sendo o social o nexo interno que outorga coesom às diversas instáncias que devem ser analítica e diacronicamente estudadas, porém à vez que sintética e sincronicamente interpretadas.
15. Nom se trata, portanto, de suster que “agora” e frente à crise que avança, o capitalismo recorre à guerra porque nom tem outra opçom, o que é certo, mas trata-se aliás de saber que, primeiro, historicamente, sem guerra nom existiria o capitalismo e que, portanto e segundo, as guerras que já se libram e as que está preparando a burguesia internacional respondem à cega necessidade da acumulaçom. Quere isto dizer que se bem graças à acçom conjunta das forças mundiais democráticas, progressistas e revolucionárias podemos e devemos evitar o maior número possível de conflitos militares, tal ou qual guerra concreta, tal ou qual conflito bélico regional e, sobretodo, evitar que se desencadeie umha espiral irracional e incontrolável para a hecatombe nuclear que concluía no extermínio total, sendo isto certo, necessário e desejável, ainda assí semelhante constataçom é só umha parte do problema porque a outra, a decisiva, é a questom de que classe é que detecta o poder político-militar e a propriedade privada das forças produtivas e destrutivas.
16. Enquanto esta segunda porém crucial questom nom esteja historicamente resoluta o perigo da hecatombe nuclear seguirá vigente assí como o de guerras cada vez mais salvages, pola simples razom de que as contradiçons objectivas e subjectivas do capitalismo desbordam o limite do passivo sumismo da humanidade trabalhadora, da disponibilidade de reservas energéticas e alimentares no marco de desenvolvemento e consumo actuais, e da capacidade de carga, de absorçom e de reciclage que tem a natureza. Neste contexto, a antiga consigna romana de ‘si vis pacen para bellum’ [se buscas a paz, prepara-te para a guerra] adquiriu toda a sua contraditória valia. Nom é certo que à guerra imperialista se lhe poda responder exclusivamente coa paz porque toda a história do século XX, por exemplo, demonstrou que o único freno que pode deter à burguesia mais fundamentalista e fascista é o da directa ameaça dumha violência defensiva superior por parte das e dos explorados.
17. Ao fascismo e ao neofascismo, ao militarismo, às supostas “democracias autoritárias”, ao ascenso dos grandes poderes criminais que já incumprem as suas próprias leis porque necessitam a impunidade absoluta, desde as de tenciones e arrestos ilegais até as torturas permanentes à marge de qualquer lei burguesa, passando polo racismo mais reaccionário e os ingentes gastos em novas técnicas de controlo, vigiláncia, repressom e extermínio, a esta tendência ascendente no capitalismo actual só se lhe pode enfrentar umha decidida mobilizaçom consciente da humanidade trabalhadora, que mostre coas suas acçons umha potência revolucionária tal que dissuada à burguesia de qualquer aventureirismo inumano.
18. Para compreender na sua urgência plena o dito até aqui, hai que ser consciente que o que está em jogo, em definitiva, é o tránsito dumha fase periclitada a outra nova do modo de produçom capitalista na que a clássica disjuntiva ou dilema popularizado por Rosa Luxemburgo em 1915 de Socialismo ou Barbárie, esta consigna tam válida durante moitos anos ficou superada no sentido dialéctico, quer dizer, confirmada, enriquecida e integrada noutra superior que é a Comunismo ou Caos. Desde finais da década de 1970 e de maneira crescente, esta consigna vai abrindo-se passo em meio da lógica incompreensom dos dogmáticos, do enjeitamento directo dos reformistas e da expectativa criativa de cada vez mais movimentos revolucionários. Nom é por acaso que tenham sido alguns independentistas bascos, que loitam no seu contexto onde bulem todas as contradiçons passadas e presentes, materiais, simbólicas, culturais e identitárias possíveis no capitalismo imperialista e patriarcal, os que mais insistírom até a actualidade neste dilema.
19. Moi em síntese, apreça-se o seguinte avance no relativo às consignas, que já desde o Manifiesto Comunista em 1848 planteia a consigna fundamental: “¡Proletários de todos os países, unide-vos!”. A segunda é de 1850 na Mensage do Comité Central à Liga dos Comunistas: “O seu grito de guerra será: a revoluçom permanente”. A terceira é de 1871 nos Estatutos da AIT: “A emancipaçom da classe operária deve ser obra da própria classe operária”. A quarta é de Rosa Luxemburgo de: “Socialismo ou Barbárie”. A quinta é a de Lenine em 1917: “Todo o poder aos sovietes”. A sexta é do conjunto de consignas das loitas revolucionarias de libertaçom nacional, entre as que salientamos por nom estender-nos: “Povo ou Imperialismo”, e “¡Pátria ou Morte, venceremos!”, utilizadas polo Che Guevara entre outros moitos, e a sétima de “Comunismo ou Caos”.
20. Cada consigna reflexa a importáncia dumha determinada direcçom prática das loitas para um objectivo prioritário, decisivo, nas diversas áreas da loita entre o capital e o trabalho. Porém, a importáncia das duas nas que nos centramos radica em que ponhem o dedo na chaga da supervivência da espécie humana, e na urgência cada vez mais imperiosa de acabar coa propriedade privada e co poder destrutor do capitalismo. Em efeito, nos quase cem anos transcorridos desde 1915 e em especial nas duas últimas décadas, piorárom quase todos os indicadores que entom se podiam empregar sobre da situaçom do planeta, alguns de forma relativa, mas outros absolutamente, e, o que é definitivo, nom tinham surgido os problemas que hoje nos ponhem ao borde do caos.
21. Hoje a espécie humana atopa-se perante problemas de sobrevivência estrita insuspeitados em 1915, problemas inconcebíveis entom pola simples razom de que nom se desenvolveram todas as forças destrutivas capitalistas. Nom é este o sitio para expor em extenso esta temática, tarefa que se fará num texto posterior. Si devemos dizer, contodo, que umha das liçons que se extraem do salto de umha a outra consigna é simplesmente a da reduçom dramática ainda que polo de pronto nom trágica, do tempo disponível para derrotar ao capital, evitar que active as suas forças destrutivas, e expropiar propriedade privada e socializá-la. A crise que na actualidade está incubando o capitalismo sem dúvida vai acurtar o prazo ao que nos referimos. Ora, esta concepçom opom-se precisamente ao determinismo catastrofista sobre do fim automático do capitalismo sem a decisiva intervençom consciente da humanidade trabalhadora, a sua enterradora.
22. Ao contrário, a lúcida visom dos problemas de sobrevivência aos que nos enfrontamos com menos tempo de resoluçom que fai um século, esta descarnada advertência teoricamente contrastável, exige mais do que nunca antes a praxe revolucionária. A burguesia nom se extinguirá ela soa, consumida no seu mesma podridom, se nom é a maos da humanidade trabalhadora. Se isto nom se produze, a burguesia seguirá explorando, mas em condiçons tam estremecedoras e bárbaras que só poderemos entendê-las se recorremos ao símile do caos, um caos que já avança na África, um continente que a começos de 1990 empeçou a ser “prescindível” para o capitalismo excepto em moi determinados espaços aposentadores de vitais recursos estratégicos. E o destino inumano imposto a África está-se estendendo a outras partes da terra.
23. Somente desde esta concepçom histórica do presente, podemos compreender o que está em jogo no relacionado coas FARC-EP e em geral com todas as esquerdas que à marge que pratiquem ou nom a violência de resposta em qualquer umha das suas formas, nom se deixam encadear polas imposiçons restritivas e repressivas burguesas, praticam a sua independência política de objectivos, estrategia e táctica, e afirmam tacitamente que o seu fim e o seu meio é a revoluçom comunista. O que ocorre coas FARC-EP e com outras organizaçons dentro e fora das Américas, é que, por circunstáncias, estám em primeira linha em todas as frentes de combate contra o imperialismo.
24. Incluso no caso em que as FARC-EP puderam por fim passar a umha forma de acçom política nom militar porque se chegou a um acordo democrático que apaga os insuperáveis obstáculos repressivos que actualmente impedem a vida democrática em Colômbia, conhecidos internacionalmente, incluso assí as FARC-EP seguirám sendo o maior perigo para a burguesia da regiom, que nom apenas de Colômbia, devido à sua enorme legitimidade, experiência e força social alcançada. Teriam que cometer erros moi sérios para dilapidar esse caudal acumulado, como os cometêrom outras forças ex guerrilheiras que debilitárom a sua essência revolucionária para caber por entre as moi estreitas marges do parlamentarismo oficial.
25. A experiência histórica das FARC-EP deve ser analisada em períodos ou fases diferentes dependendo das transformaçons do capitalismo colombiano e internacional, mas mantendo intocáveis os princípios polos que loita. É indubitável que durante tantos anos se produzírom adaptaçons e melhoras nas doutrinas de contra-insurgência com inovaçons de todo tipo que assestárom golpes às forças revolucionárias. Tamém é inegável que os cámbios internos na exploraçom capitalista e no conjunto de relaçons sociais propiciárom transformaçons políticas e culturais que permitírom à burguesia colombiana implementar espectaculares campanhas de manipulaçom psicológica e propagandística, exploradas intensamente pola indústria político-mediática capitalista a escala internacional.
26. No entanto, a realidade é tam terca como brutal e corrupta, é a ditadura prática do regime uribista narcotraficante e paramilitar, amparado na passividade cúmplice da burguesia no seu conjunto e no silêncio da Igreja, sem esquecer o decisivo apoio dos EEUU. A propaganda oficial que sustem que existe um crescimento económico em Colômbia oculta, primeiro, que o cancro do narcocapitalismo apodrece todo; segundo, que os beneficiários de tal crecimento som os burgueses e nom o povo; terceiro, que a ajuda militar ianque é decisiva para que esse crescimento corrupto se mantenha; quarto, que a meio prazo o custo dum exército enorme lastrará incluso aos benefícios extras do narcocapitalismo; quinto, que este deterioro só pode ser contrapesado mediante o endurecimento repressivo cara um maior autoritarismo neofascista interno, quando nom fascista; sexto, que nestas condiçons objectivas tarde ou cedo ampliarám-se as simpatias populares para com as FARC-EP se estas nom cometem sérios erros de sectarismo, e sétimo, que estas tendências vam confluindo coas similares que recorrem à Pátria Grande hispano-americana.
27. Um exemplo da vetusta obsolescência das esquerdas tradicionais que miram sem ver o que está sucedendo, som as afirmaçons de que as FARC-EP nunca destacárom por as suas elaboraçons teóricas próprias, estám alonjadas do povo colombiano e das suas condiçons de vida perdendo o apoio que tivérom, caírom no militarismo, o verticalismo e o pragmatismo, topam-se isoladas do resto de loitas polos trocos mundiais desde a caída da URSS até agora, empeçam a estar desmoralizadas e multiplicam-se nelas as deserçons, e som a excusa perfeita para que o uribismo justifique os seus crimes e até os aumente, à vez que pom em sérios apertos à “oposiçom democrática”. Estes críticos rematam dizendo que se as FARC-EP empeçassem um debate internacional e nacional sobre das condiçons políticas, económicas e militares para deixar as armas, poriam ao regime uribista em dificuldades.
28. As FARC-EP e o conjunto de forças revolucionárias latino-americanas tenhem argumentos sobrados para afundir estas críticas. Desde Europa e Euskal Herria só podemos engadir várias cousas sem maior transcendência. A primeira é que tais ideais nom som exclusivas contra as FARC-EP nem tampouco som novas, senom que som repetidas até aborrecer-no contra outras forças revolucionárias sempre que m se preguem aos dogmas de livrete dos auto-proclamados “partidos dirigentes”, “intelectuais independentes” ou inclusive “finos analistas”. A soberba desta gente é tal que nom duvidam em roçar a acusaçom de analfabetismo teórico aos movimentos de libertaçom nacional que nom se cinjam às suas recomendaçons. Olvidam o princípio marxista de aprender das massas que loitam, das suas inovaçons e acertos, e, pola contra, situam-se por cima delas e desde a segura comodidade da distáncia espargem doutrina cos seus lentes de chumbo enquanto o mundo real se dirige rumo a combates ainda mais duros.
29. O segundo que compre dizer é que perdêrom toda precauçom metodológica perante a eficácia alienante e manipuladora das indústrias político-mediáticas e perante o fracasso das próprias convicçons. Sentados frente às televisons do imperialismo, lendo a imprensa da “oposiçom democrática” e de colectivos afins, estes intelectuais rematam crendo a versom dada pola indústria da manipulaçom, cos retoques engadidos polos grupos afins a eles. E se a realidade nom coincide cos seus desejos e com essas versons, pior para a realidade. Teses idênticas sustivérom-se e sustenhem-se desde o dogmatismo estalinista até o trotskista, passando por umha ampla gama intermédia. Porém hai que dizer que se aos povos lhes figeram caso apenas existiriam processos revolucionários.
30. O terceiro que compre dizer é que a proposta de que as FARC-EP iniciem um amplo debate internacional e nacional para concretar as condiçons do seu abandono das armas nom passa de ser umha filigrana escapista para eludir o assunto decisivo: como é que se preparam para vencer os planos contra-revolucionários que o imperialismo está ideando nas Américas, coa colaboraçom das burguesias autóctones, das suas forças armadas legais, privadas e ilegais, coa extensom crecente das redes do narco-tráfico e co apoio doutros serviços secretos internacionais. À marge de como evolucionem estas variáveis, sempre hai que aplicar o sábio critério leninista de preparar-se para o pior, para estar em condiçons de responder às mais duras acometidas do inimigo de classe, nacional e de sexo-género, critério que nom desprecia mas que exige que tamém haja alternativas menos duras, mas sempre mantendo independência política própria.
31. O quarto que hai que dizer é que no fundo destas posturas existe umha incapacidade absoluta para entender que, fora de que se aplique ou nom a violência de resposta como loita táctica, o que deve debater-se é a idoneidade ou nom da teoria marxista do “militar” nas suas quatro componentes básicas expostas, como teoria surgida das entranhas das contradiçons sociais e que pode aplicar-se total ou parcialmente segundo as necessidades e circunstancias. Este é um dos debates permanentes que recorrem a história revolucionária desde que o marxismo inicial empeçou a diferenciar-se tanto do pacifismo como do branquismo, por certo e neste segundo caso, mantendo sempre umha profunda admiraçom e afecto pessoal cara Blanqui, herói revolucionário.
32. O parlamentarismo, a teoria da “coexistência pacífica”, o academismo e o reformismo eurocomunista, em síntese, impugérom umha visom claudicacionista ao respeito, como dixemos ao primeiro, que terminou em colaboraçom coas forças repressivas capitalistas para destroçar fisicamente às forças revolucionárias que se negavam a aceitar o monopólio burguês da violência. Porém tamém desde as esquerdas revolucionárias que optavam pola chamada “violência de massas” e criticavam a chamada “violência individualista” ou “pequeno burguesa”, ou simplesmente “loita armada”, desde estas houvo e segue havendo umha oposiçom prática e teórica justificada co argumento de que “nom existem condiçons objectivas” para dar o passo à “violência de massas” e menos ainda à “loita armada”.
33. A necessidade dumha explicaçom teórica permanente sobre da dialéctica entre a arma da crítica e a crítica das armas, para utilizar os conceitos empregados por Marx, aparece exposta já nos primeiros textos do marxismo. A experiência acumulada posteriormente em todas as loitas sociais que chegárom a um nível de antagonismo irreconciliável co opressor é concludente ao respeito, mostrando a conveniência de que as massas exploradas conheçam sequer o essencial da teoria marxista da violência, do “militar” embora nom a pratiquem. Conhece-na nas suas implicaçons psicológicas, quer dizer, que assumam conscientemente que pode chegar o momento em que necessitem passar à auto-defesa, que devem estar preparadas para isso com antelaçom, o que requere dum conhecimento teórico e dumha preparaçom psicológica.
34. Lembremos o acontecido ao começo do fascismo, quando bastavam moi poucos provocadores treinados militarmente para destroçar a paus, com estacas e golpes, sedes e locais sindicais, socialistas e comunistas, lugares de venda de imprensa e livros de esquerda ou progressistas, assembleias e reunions de trabalhadores, manifestaçons inteiras de homes, mulheres e nenos. A social-democracia e o estalinismo abandonaram a preparaçom psicológica suficiente e o mínimo treinamento em auto-defesa da classe trabalhadora. Os operários passivos, acobardados e inertes, pacifistas e parlamentaristas, botavam a correr, espargendo-se e assumindo umha catastrófica sensaçom derrotista, de inutilidade de toda resistência, de resignaçom perante o que se avizinhava.
35. Este exemplo, que vinha adiantado polo extermínio dos conselhos obreiros roxos e anarquistas, dos espartaquistas e comunistas desde 1918 a maos dos pré-nazis na Alemanha, sob a direcçom social-democrata, tem-se repetido com lamentável e enervante freqüência no capitalismo posterior, e nom apenas na Europa: lembremos à China de finais dos ’20. A descarada opçom pro-capitalista da social-democracia e o interclassismo da Rússia estalinista coa supeditaçom da independência política da classe obreira às exigências da “burguesia democrática e antifascista”, o frente-populismo, estas duas correntes maioritárias conduzírom -com diversa responsabilidade- ao movimento obreiro ao pacifismo suicida; o primeiro de forma directamente teórica e política, o segundo de forma indirecta, com argumentos sobre da necessidade táctica de pospor a loita revolucionária à prévia salvaguarda da “democracia”.
36. Durante la guerra de 1939-45 na Europa capitalista, boa parte das esquerdas iniciárom tenazes loitas de libertaçom nacional contra o fascismo ocupante e contra os colaboracionistas internos, a maioria burgueses e empresários, mas tamém obreiros e campesinhos de extrema dereita. Guerras revolucionárias de libertaçom nacional e social que em 1945, ao retiraram-se os invasores e com eles bastantes colaboracionistas, criárom situaçons de dobre poder, em que o povo em armas era umha das duas autoridades, sendo a outra o exército aliado baixo a direcçom dos EEUU e da Grande Bretanha; e em moitas mais zonas onde nom se chegou ao dobre poder de facto, si proliferárom verdadeiros contra-poderes populares baseados nas guerrilhas armadas. A burguesia europeia estava moi desautorizada e deslegitimada perante o povo trabalhador polo seu produtivo colaboracionismo com nazis e fascistas. As ocupaçons de fábricas abandonadas polos empresários fugidos ou escondidos eram constantes. Se nom estavam dadas já as condiçons objectivas e subjectivas para umha revoluçom social, faltava pouco.
37. Como é sabido, os pactos entre a URSS e os EEUU, mais a social-democracia e as Igrejas cristás, salvárom a um capitalismo europeu em agonia. Nom nos estendemos nesta amarga experiência geral, agá para recalcar duas questons básicas para o tema que agora tratamos: umha, a deliberada destruiçom da memória colectiva europeia destes acontecimentos, e outra, simultaneamente, a geralizaçom dumha ideologia inter-classista, pacifista e parlamentarista em extremo que, junto ao anterior, criou umha sociedade europeia amorfa, progressista na forma externa, porém conservadora no fundo. As longas maiorias parlamentares social-democratas, laboristas e de centro-reformista, ocultavam outra realidade que apareceria mais tarde.
38. Os sacrifícios de heroicidade da loita guerrilheira, o amplo colaboracionismo e massivo das burguesias cos nazis, as situaçons de dobre poder contra-poder geradas em 1945, as ocupaçons de fábricas, a aplicaçom da justiça popular contra os colaboracionistas, estas e outras moitas cousas fôrom silenciadas e botadas ao olvido enquanto se desarmava às guerrilhas e se lhes obrigava aos trabalhadores a aceitar a exploraçom capitalista. No seu lugar impujo-se umha mistura de amnésia social, silencio mediático e mentira descarada criada coas famosas “películas de resistentes” que voavam comboios e camions nazis, porém que em modo algum expunham o que realmente aconteceu.
39. Simultaneamente, ao abeiro da denominada “guerra fria” e criando e manipulando o terror social a umha guerra nuclear coa URSS, tanto a sociologia como a teoria política e jurídica burguesas, criárom o mito anti-marxista do suposto “Estado do bem-estar” (¿?) [sic.], ocultando a sua natureza classista e imperialista, ocultando as excepcionais condiçons históricas que o propiciaram, e agachando que noutras zonas da “Europa democrática” existiam salvages ditaduras fascistas. Os pactos inter-classistas, o oportunismo calculador da burguesia, a pasividade da URSS e a presença todo poderosa dos EUA, garantírom “a paz, a democracia e a ganáncia” na Europa capitalista.
40. Começou assí o declive pré-mortem dos antano poderosos partidos comunistas que vírom como é que a crise de finais dos ’60 e começos dos ’70, gerava um movimento de loita que chegou a roçar momentos pré-revolucionários e que os desbordou definitivamente. A sua resposta fui a clássica desde os anos ’30: pôr-se ao serviço do capital, desmobilizar aos obreiros que ainda seguiam crendo neles como “vanguarda”, e ajudar a reprimir aos revolucionários, especialmente aos que optárom pola loita armada. Anos de parlamentarismo e aceitaçom incondicional da ideologia pacifista burguesa tinham desarmado teórica, política e psicologicamente a amplos sectores da classe obreira europeia que, despois dumha participaçom inicial nas loitas e sob as pressons conjuntas dos seus dirigentes e dos burgueses, enfraquecêrom-se, desmobilizárom-se e fôrom incapazes de responder contundentemente à ofensiva capitalista, ao neoliberalismo, lançada poucos anos mais tarde.
41. Especial mençom cumpre fazer aqui ao Partido Comunista de Espanha[4], cuja militáncia loitara cum heroísmo incomputável, sobre todo a guerrilha[5], e que foi logo abandonada e atraiçoada por umha direcçom política decisiva para o triunfo da manobra continuista do poder burguês, que abandonou algumhas formas do franquismo, as inservíveis, mantivo os seus aparelhos fundamentais e criou outros novos, todos eles protegidos pola coroa deixada polo ditador Franco. Una sopa ecléctica de tópicos social-democratas, eurocomunistas e estalinistas formava a “teoria” do PCE que justificava a colaboraçom incondicional coa “burguesia democrática” e coas forças repressivas, baptizadas como “trabalhadores da orde” (sic)[6].
42. Desta forma, e por seguir co exemplo europeu, umha grande parte, a maioritária, do movimento obreiro com certa consciência de classe nom foi apenas abandonado a sua sorte no teórico do sentido marxista, mas tamém foi pressionado para que aceitara com mais força a ideologia burguesa parlamentarista e pacifista. Semelhante hecatombe foi reforçada indirectamente coa tese das esquerdas tradicionais de que nom existiam condiçons nem para a preparaçom psicopolítica da militáncia no tocante à teoria marxista da violência, nem moito menos para exercitar formas de auto-defesa colectiva como parte menor da “violência de massas”, todo isto dentro do seu enjeitamento absoluto à “loita armada individualista e pequeno-burguesa”. Nom passaria moito tempo até que os restos da esquerda tradicional, moi debilitados, abandonaram o conceito de “loita armada” y aceitaram o oficial de “terrorismo”, como o exigia a classe dominante[7].
43. Aliás, de entre outras razons de peso que ajudam moito a explicar a desapariçom do PCI, y a prática desapariçom do PCF e do PCE, assí como de outros moitos “partidos de vanguarda”, e que explicam tamém o rebrote do neofascismo e do fascismo, do autoritarismo mais reaccionário graças igualmente a dúzias de milheiros de votos ex-comunistas dos cintos roxos urbanos em processo de desindustrializaçom após-fordista, aliás destas razons, devemos considerar o efeito demolidor do parlamentarismo e do pacifismo burgueses sobre da moi precária e débil base teórica, política e psicológica dos sectores mais conscienciosos ou menos aburguesados do movimento obreiro e revolucionário.
44. Pudo por acaso o movimento revolucionário ter evitado perder-se nesta autêntica “caminho-de-ferro da morte” que o conduziu em boa medida à estaçom final do capitalismo? Acho que si pudo evitá-lo em maior ou menor medida, ou que polo menos si pudera manter trás a derrota melhores condiçons subjectivas, de organizaçom, de consciência e de capacidade teórica, etc., suficientes como para, umha vez reactivadas, ter respondido com moita mais contundência e massividade à ofensiva neoliberal. Certo é que nom se perdeu todo, que o movimento obreiro europeu tem resistido à defensiva em bastantes questons, embora seja inegável que o retrocesso em direitos e em condiçons de trabalho tenha sido apreciável. Porém nom é este o momento para roçar a história-ficçom, submergirmos em elucubraçons fáceis e entrar em análises mais detalhados que exigem rigor metodológico.
45. A pergunta é: como é que poderá o novo movimento revolucionário que está emergindo nom cometer o mesmo erro estratégico se nom aprende as liçons achegadas pola teoria marxista do “militar”? Coido que nom, que volverá a repete-lo se nom aplica as liçons teóricas aprendidas a por de tantas derrotas e tamém graças a algumhas vitórias. Umha dessas liçons consiste em desenvolver umha visom crítica moito mais plena da unidade estrutural entre guerra e capitalismo, em todos os sentidos. Outra consiste em actualizar a teoria marxista do Estado como centralizador estratégico das violências burguesas[8] em qualquer das suas múltiplas e interactivas formas. Demais, deve desenvolver-se a teoria das tácticas, desde as pacíficas e nom violentas até as de auto-defesa legal e institucional, passando pola ampla gama intermédia. Por último, deve massificar-se a ética da resistência, do direito/necessidade à rebeliom.
46. Chegados a este ponto e para ir concluindo, a última pergunta é: que é que achegam as FARC-EP tendo em conta o visto? Basicamente, três questons: Umha, que frente às moi previsíveis realidades extremas de exploraçom a escala planetária que o imperialismo está desenvolvendo, é mais vital que nunca actualizar a dialéctica entre a componhente de rebeldia inextinguível disposta aos mais heroíficos sacrifícios e a componhente de procura de soluçons democráticas mediante o diálogo e a negociaçom entre as partes, ou seja, a famosa dialéctica reforma/revoluçom, entre programa-mínimo e programa-máximo, etc[9]. Esta dialéctica é consubstancial à teoria marxista da violência, e só se escora para um lado ou outro quando a evoluçom das contradiçons internas à totalidade do problema do que se trate, chegou a um ponto crítico de nom retorno, momento no que se produze um salto a umha outra situaçom.
47. Tanto nos “pequenos” conflitos, nos individuais, nos mal denominados “privados”, como nos “grandes”, nas loitas sociais a grande escala, nestes extremos e nos intermédios, a dialéctica reforma/revoluçom actua sempre, sempre está activa, excepto nas situaçons de terrorismo de Estado, fascista e salvage que impede qualquer tentativa de conversaçons, nem sequer de contacto entre exploradores e explorados. Pode haver períodos relativamente longos nos que tal dialéctica nom esteja activada por determinadas circunstáncias, mas pola mesma lógica interna do conflito tende a surgir, seja impulsada por umha ou outra parte, ou por ambas sobre de aspectos secundários ou decisivos. A experiência amossa que estes processos se tenhem dado incluso nos piores momentos dos conflitos mais ensanguentados, ainda que por razons obvias sejam os exploradores e invasores quem os agachem ou os desvirtuem.
48. Dous, a dialéctica reforma/revoluçom, em modo algum sustém que o programa-máximo, a socializaçom da propriedade privada, a extinçom do Estado, etc., garanta automaticamente a esperança do seu logro pacífico. Nom. Embora desde a sua mesma orige, o marxismo tenha reconhecido a possibilidade e a vontade do tránsito pacífico ao comunismo, sempre engadiu de imediato que tal possibilidade é a mais remota, volátil e fugaz de todas, quase impossível de facto, umha rara e anormal singularidade histórica, enquanto que o mais probável, quase o inevitável, seja que a burguesia resista até a fim dos seus dias recorrendo como sempre a todas as violências imagináveis e inimagináveis. Portanto, hai que estar preparados psicológica e materialmente para o mais duro, ainda que se explore a via negociada, reformista e pacífica até esgotá-la. As FARC-EP, como marxistas, sabem que quanto mais eficaz e potente seja a preparaçom para o mais duro, mais possibilidades terám de acurtar ao mínimo as situaçons de dor e sufrimento inevitáveis a qualquer conflito violento, por desgraça.
49. Esta liçom cobra maior transcendência na actualidade quando à burguesia lhe urge levar a sua dominaçom ao mais recôndito do humano. As pessoas tenhem de conhecer as dinámicas, flutuaçons e desenlaces possíveis das loitas que iniciárom na defesa dos seus direitos cada dia mais perseguidos. Tenhem de saber de que jeito preparar-se com tempo, mentalizar-se colectiva e individualmente para resistir o pior, aprender de outras loitas para evitar repetir os seus erros, e tenhem de estudar a melhor ou menos má e dolorosa das soluçons possíveis. Nom podem iniciar resistências desde a ignoráncia histórica completa, y menos desde a ideologia pacifista e parlamentarista burguesas que os encadeiam mental e materialmente. De fazê-lo, repetirám os erros do passado e volverám a ser engolidas polo buraco negro do capitalismo. A continuidade das FARC-EP é, neste sentido, umha preciosa liçom.
50. Três e último, a tendência a caos na que nos submergiu o capitalismo supom, entre outros moitos desastres, tamém o do aniquilamento das culturas, línguas e identidades dos povos --por tanto deles mesmos-- que se resistem, nos resistimos, a ser desintegrados como tais e logo transformados em simples mercadoria a disposiçom do beneficio burguês. Las FARC-EP som moi conscientes do perigo real que se cerne sobre dos povos das Américas e da humanidade inteira. A insistência que elas e outras forças revolucionárias fam em sintetizar as achegas do bolivarismo, do pensamento de Martí e de outros próceres[10], co marxismo e co socialismo, esta tarefa possui um decisivo conteúdo emancipador pois junta o bom, democrático, progressista e revolucionário dos povos explorados ao borde da sua extinçom.
51. Quando a cultura burguesa se escora para o irracional, misterioso e esotérico, reforçando o fundamentalismo cristao e os seus dogmas mais obscurantistas e machistas, à vez que a casta intelectual fica cega, muda e surda perante esta catástrofe ou a apoia subtilmente ou mesmo abertamente; enquanto a guerra, a fame, a enfermidade e o caos ecológico, os novos ginetes da Apocalipse, cavalgam polo mundo, a (re)construçom democrática das culturas populares e a sua inserçom prática na loita revolucionária aparece como umha das prioridades urgentes inclusive dentro do capitalismo imperialista, “cêntrico” ou do “norte”[11].
Euskal Herria. 30/VII/2008



[1] Traduçom para o galego-português de Antom Fente Parada
[2] Quer dizer, estrutural já que afecta a banca que é um dos principais piares do imperialismo, pois como descreve Lenine no Imperialismo, fase superior do capitalismo nesta fase do capitalismo a banca alia-se co capital e confundem-se.
[3] Veja-se ao respeito o artigo de James Petras: “Pretextos para la guerra imperialista” em http://www.lahaine.org
[4] O PCE, hoje inserido na coaliçom Esquerda Unida banida praticamente do parlamento espanhol [NT].
[5] A guerrilha ou maquis tivo especial incidência na nossa naçom e em Chantada caiu o derradeiro guerrilheiro: José Castro Veiga, o Piloto.
[6] Influiu assemade o medo que inculcárom a sua militáncia através da ameaça constante de golpe de estado por parte do exército, umha estratagema para apresentar-se perante os seus militante. No entanto, a salvage desactivaçom da base trouxo consigo que esta se passa-se em bloco ao PSOE e disso cumpre tomar boa nota quando as históricas organizaçons de esquerdas começam perigosas “viajes ou virages ao centro-esquerda” [NT].
[7] O sublinhado é nosso.
[8] O sublinhado é nosso.
[9] Novamente o sublinhado é nosso. Doravante nom indicaremos mais este facto porque o autor nom inclui nengum sublinhado em todo o texto.
[10] O itálico é nosso
[11] Num destes centros do imperialismo, a UE, topam-se efectivamente os indígenas da Europa, entre eles Galiza onde a formaçom e a resistência som os únicos mecanismos perante a alienaçom e a opressom que exercem os estados sobre os povos trabalhadores da Europa [NT].