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terça-feira, 20 de abril de 2010

O shock do preço dos alimentos: ou modificaçom genética ou fame

Nota Bene: O seguinte texto é um trecho dum artigo de Naomi Klein intitulado "Capitalismo do desastre: estado de extorsom". A traduçom é própria. O artigo original em castelhano e completo pode consiltar-se aqui.


Naomi Klein é autora de numerosos livros, incluído o mais recente The shck Doctrine: The Rise of Disaster Capitalism. Para umha recensom sobre o livro feita pola mocidade do Encontro Irmandinho consultar aqui.

"Capitalismo do desastre: estado de extorsom"

Ligada estreitamente ao preço do petróleo encontramos a crise alimentar global. Nom só os elevados preços do petróleo fam subir os preços dos alimentos, mas tamém o boom dos biocombustíveis desdibujou a fronteira entre a comida e o combustível, expulsando aos camponeses das suas terrras e alentando umha especulaçom rampante. Muitos países latinoamericanos insistírom em que se rexamine a pujança dos biocombustíveis como alternativa aos combustíveis fósseis e em que se reconheçam os alimentos como um direito humano e nom como umha mercadoria mais. O subsecretário de Estado dos Estados Undos, Jonh Negroponte, tem em troca outras ideias ao respeito. No mesmo discurso em que tratava vender o compromisso dos EUA na ajuda alimentar de emergência pediu aos países que baixaram as suas "restriçons à exportaçom e elevadas tarifas" e que eliminaram "as barreiras paa o emprego das inovaçons tecnológicas na produçom animal e vegetal, incluíndo a biotecnologia". Hai que reconhecer que esta ameaça era mais subtil que as anteriores, mas a mensage era clara: os países pobres fariam melhor em abrir os seus mercados agrícolas aos produtos norteamericanos e as suas sementes geneticamente modificadas. A contrário, arriscam-se a perder a sua ajuda*.

Os cultivos geneticamente modificados aparecêrom de súpeto como a panaceia para a crise alimentar, quando menos segundo o Banco Mundial, o presidente da Comisom Europeia - "valor y al toro", veu a dizer - e o Primeiro Ministro británico Gordon Brown. E, claro está, segundo as empresas do agribusiness. "Nom se pode alimentar hoje ao mundo sem organismos geneticamente modificados", declarou recentemente Peter Brabec, presidente de Nestlé, ao Financial Times. O problema com este argumento, ao menor por agora, é que nom hai provas de que os organismos geneticamente modificados incrementem a produçom dos cultivos, mas bem disminuem-na**.

Nom obstante, incluso se houvera umha varinha mágica com a que resolver as crise alimentar global, quereriamos por acaso que estiver nas maos dos Nestlés e Monsantos? Qual seria o preço a pagar por que a empregassem? Nos últimos meses Monsanto, Syngenta e a BASF comprárom coma tolas patentes das chamadas sementes "todo-terreno", um tipo de prantas que podem crescer até na terra esgotada pola sequia ou salgada polas inundaçons.

Por outras palavras: prantas modificadas para sobreviver a um futuro de caos climático. Já sabemos até quê ponto é que está disposta chegar Monsanto à hora de proteger a sua propriedade intelectual, espiando e demandando aos granjeiros que se atrevam a guardar as suas sementes dum ano para outro. Pudemos ver como as medicaçons patentadas contra o VIH impedem salvar milhons de pessoas na África subsaariana. Por quê é que os cultivos "todo-terreno" patentados iam a ser diferentes?

Por enquanto, entre tanta charlatanice excitante sobre novas tecnologias perforadoras [de petróleo crú] e genéticas, a administraçom Bush anunciou umha moratória de até dous anos nos projectos federais para a investigaçom em energia solar, devido a aparentemente, preocupaçons meioambientais. Imo-nos achegando à fronteira final do capitalismo do desastre. Os nossos dirigentes nom invertem em tecnologias que nos prevenham dumha maneira efectiva dum futuro climaticamente caótico, e em vez disso decidem-se a trabalhar pau a pau justamente com quem trama planos cada vez mais endianhados para aproveitar-se das desgraças alheias.



Notas do tradutor:

* Esta ameaça fixo-se recentemente à Angola desde o consulado ianque para que promocionaram o inglês em detrimento do português pois do contrário apoiariam - já a apoiam de facto pola sua riqueça em gás e petróleo, o território separatista da Cabinda-.

** Umha das manifestaçons mais evidentes do retrocesso do espaço público no momento actual, o da globalizaçom ultraliberal descendente, é o que na Alemanha deu em chamar-se umha "porta giratória" entre o mundo da política e o mundo dos grandes intereses económicos privados, como recentemente veu confirmar o escándalo das "dietas" de Tony Blair. Já nom se guardam, portanto, nem as formas à hora de exibir umha inusitada promiscuidade entre a classe política e a verdadeira classe dirigente do grande capital. Outro bom exemplo é Berlusconi, paladim do populismo fascistoide ou a relaçom dos banqueiros Rubin e Paulson com as administraçons de Clinton - demócrata - e Bush II - republicano -. Gerhard Schröder, o antigo chanceler socialdemócrata da Alemanha, é agora assesor da petroleira russa Gazpron. No mesmo Estado, o outrora ecologista Joschka Fischer é hoje um conselheiro da empresa automovilística BMW que fabrica carros contaminantes.

No tocante ao Estado espanhol a situaçom nom é evidentemente melhor. Aos lucrosos empregos de persoeiros como Eduardo Zaplana em Telefónica cumpre engadir os diversos casos de corrupçom e ainda que a primeira campanha de UCD foi finaciada por 10.000 milhons que a monarquia saudita emprestou a Joám Carlos I (vid. Patrícia Sverlo: Un rey golpe a golpe) ou as relaçons entre o arquimilhonário Carlos Slim com El País e Felipe González ou a do magnate australiano dos média Rupert Murdoch com José María Aznar. Já por nem falar de Jaume Matas.

Todo isto guarda umha relaçom nada inocente como a financiaçom privada das campanhas eleitorais (tipo Obama) e dos partidos políticos. A tirania evidente das forças globais do mercado tornam o estado providência em estado penitência e anulam a capacidade das insituiçons de tomar decisons postas ao serviço das maiorias sociais.


O "capitalismo do desastre"

http://www.paidos.com/ficha.aspx?cod=45151



+ Informaçom sobre Naomi Klein e a Doutrina do shock em:

http://www.naomiklein.org/shock-doctrine

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