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quarta-feira, 29 de abril de 2009

Operação Sarkozy: Como a CIA colocou um dos seus agentes na presidência da República Francesa

por Thierry Meyssan* Artigo tirado de http://www.voltairenet.org/article157832.html






Nicolas Sarkozy deve ser julgado pelas suas acções e não pela sua personalidade. Mas quando as suas acções surpreendem até os seus próprios eleitores, é legítimo debruçarmo-nos em pormenor sobre a sua biografia e interrogarmo-nos sobre as alianças que o conduziram ao poder. Este artigo descreve as origens do presidente da República Francesa. Todas as informações nele contidas são verificáveis, com excepção de duas imputações, pelas quais o autor assume a responsabilidade exclusiva.



Os franceses, cansados das demasiado longas presidências de François Mitterrand e de Jacques Chirac, elegeram Nicolas Sarkozy contando com a sua energia para revitalizar o país. Eles esperavam uma ruptura com anos de imobilismo e ideologias ultrapassadas. Tiveram uma ruptura com os princípios que fundam a nação francesa. Ficaram estupefactos pois este "hiper presidente", a apanhar um novo dossier a cada dia, a atrair a direita e a esquerda para si, a abalar todas as referências até criar uma completa confusão.

Tal como as crianças que acabam de fazer uma grossa asneira, os franceses estão demasiado ocupados a procurar desculpas para admitir a amplitude dos danos e a sua ingenuidade. Recusam-se portanto a ver quem realmente é Nicolas Sarkozy, o que deveriam ter percebido há muito.

O homem é hábil. Tal como um ilusionista, ele desviou as atenções ao oferecer a sua vida privada como espectáculo e a posar nas revistas populares, até fazer esquecer seu percurso político.

Que se compreenda bem o sentido deste artigo: não se trata de criticar o sr. Sarkozy pelas suas ligações familiares, de amizade e profissionais, mas de criticá-lo por ter escondido suas ligações aos franceses que acreditaram, erradamente, estar a eleger um homem livre.

Para compreender como um homem em que todos hoje concordam em ver o agente dos Estados Unidos e de Israel pode tornar-se o chefe do partido gaullista, depois presidente da República Francesa, é preciso remontar atrás. Muito atrás. Teremos de efectuar uma longa digressão no decorrer da qual apresentaremos os protagonistas que hoje se vingam.

Segredos de família

No fim da Segunda Guerra Mundial, os serviços secretos estado-unidenses apoiaram-se no padrinho italo-americano Lucky Luciano para controlar a segurança dos portos americanos e para preparar o desembarque aliado na Sicilia.

Os contactos de Luciano com os serviços dos EUA passam nomeadamente por Frank Wisner Sr. e depois, quando o "padrinho" é libertado e se exila na Itália, pelo seu "embaixador" corso, Étienne Léandri.

Em 1958, os Estados Unidos, inquietos com uma possível vitória da FLN na Argélia que abriria a África do Norte à influência soviética, decidem instigar um golpe de Estado militar em França. A operação é organizada em conjunto pela Direcção da Planificação da CIA – teoricamente dirigida por Frank Wisner Sr. – e pela NATO. Mas Wisner já havia afundado na demência de modo que é o seu sucessor, Allan Dulles, que supervisiona o golpe. A partir de Argel, generais franceses criam um Comité de Salvação Pública que exerce uma pressão sobre o poder civil parisiense e constrange-o a votar plenos poderes ao general De Gaulle sem ter necessidade de recorrer à força. [1].

Ora, Charles De Gaulle não é o peão que os anglo-saxões acreditavam poder manipular. Num primeiro tempo, ele tenta sair da contradição colonial concedendo uma grande autonomia aos territórios do ultramar no seio de uma União Francesa. Mas é demasiado tarde já para salvar o Império francês pois os povos colonizados não acreditam mais nas promessas da metrópole e exigem a sua independência. Depois de ter conduzido vitoriosamente ferozes campanhas de repressão contra os independentistas, De Gaulle rende-se à evidência. Fazendo prova de uma rara sabedoria política, ele decide conceder a cada colónia a sua independência.

Esta reviravolta foi considerada pela maior parte daqueles que o levaram ao poder como uma traição. A CIA e a NATO apoiam então toda espécie de conspirações para eliminá-lo, inclusive um putsch falhado e uma quarentena de tentativas de assassinato. [2] Entretanto, alguns dos seus partidários aprovam a sua evolução política. Em torno de Charles Pasqua eles criam o SAC, uma milícia para protegê-lo.

Pasqua é ao mesmo tempo um gangster corso e um antigo resistente. Ele casou-se com a filha de um contrabandista de bebidas canadiano que fez fortuna durante a proibição. Dirige a sociedade Ricard que, depois de ter comercializado o absinto, um álcool proibido, respeitabiliza-se a vender anisete. Entretanto, a sociedade continua a servir de cobertura para todas espécie de tráficos relacionados com a família italo-nova-iorquina dos Genovese, aquela de Lucky Luciano. Portanto não é espantoso que Pasqua apele a Étienne Léandri (o "embaixador" de Luciano) para recrutar braços fortes e constituir a milícia gaullista. [3] Um terceiro homem desempenha um grande papel na formação do SAC, o antigo guarda costas de De Gaulle, Achille Peretti – também ele um corso.

Assim defendido, De Gaulle concebe com desenvoltura uma política de independência nacional. Sempre afirmando sua pertença ao campo atlântico, ele põe em causa a liderança anglo-saxónica. Opõe-se à entrada do Reino Unido no Mercado Comum Europeu (1961 e 1967); recusa a mobilização dos capacetes azuis da ONU no Congo (1961); encoraja os Estados latino-americanos a libertarem-se do imperialismo americano (discurso do México, 1964); expulsa a NATO da França e retira-se do Comando Integrado do Aliança Atlântica (1966); denuncia a Guerra do Vietname (discurso de Phnon Pehn, 1966); condena o expansionismo israelense aquando da Guerra dos Seis Dias (1967); apoia a independência do Quebeque (discurso de Montreal, 1967); etc...

Em simultâneo, De Gaulle consolida o poderio da França dotando-a de um complexo militar-industrial incluindo a força de dissuasão nuclear, e garantindo seu aprovisionamento energético. Afasta utilmente os inconvenientes corsos do seu círculo confiando-lhes missões no estrangeiro. Assim, Étienne Léandri torna-se o trader do grupo Elf (hoje Total) [4], ao passo que Charles Pasqua torna-se o homem de confiança dos chefes de Estado da África francófona.

Consciente de que não pode desafiar os anglo-saxões sobre todos os terrenos ao mesmo tempo, De Gaulle alia-se à família Rothschild. Escolhe como primeiro-ministro o director do banco, Georges Pompidou. Os dois homens formam um par eficaz. A audácia política do primeiro nunca perde de vista o realismo económico do segundo.

Quando De Gaulle se demite, em 1969, Georges Pompidou sucede-lhe brevemente na presidência antes de ser levado por um cancro. Os gaullistas históricos não admitem a sua liderança e inquietam-se com a sua tendência anglófila. Eles urram "traição" quando Pompidou, secundado pelo secretário-geral do Eliseu Edouard Balladur, faz entrar "a pérfida Albion" no Mercado Comum Europeu.

A fabricação de Nicolas Sarkozy

Apresentado este cenário, retornemos ao nosso personagem principal, Nicolas Sarkozy. Nascido em 1955, é o filho de um nobre húngaro, Pal Sarkösy de Nagy-Bocsa, refugiado em França depois de ter fugido do Exército Vermelho, e de Andrée Mallah, uma judia originária de Tessalónica. Depois de terem três filhos (Guillaume, Nicolas e François), o casal divorcia-se. Pal Sarkösy de Nagy-Bocsa casa-se novamente com uma aristocrata, Christine de Ganay, de quem terá dois filhos (Pierre-Olivier et Caroline). Nicolas não será educado só pelos seus pais, mas mover-se-á nesta família recomposta.

Sua mãe tornou-se a secretária de Achille Peretti. Depois de ter sido co-fundador do SAC, o guarda-costas de De Gaulle havia trilhado uma brilhante carreira política. Fora eleito deputado e maire de Neuilly-sur-Seine, o mais rico arrabalde residencial de Paris, depois presidente da Assembleia Nacional.

Infelizmente, em 1972, Achille Peretti é posto gravemente em causa. Nos Estados Unidos, a revista Time revela a existência de uma organização criminosa secreta, a "União corsa", que controlaria grande parte do tráfico de estupefacientes entre a Europa e a América, a famosa "French connexion" que Hollywood levaria às telas. Apoiando-se em audições parlamentares e nas suas próprias investigações, a Time cita o nome de um chefe mafioso, Jean Venturi, preso alguns anos antes no Canadá, e que não é outro senão o delegado comercial de Charles Pasqua para a sociedade de bebidas alcoólicas Ricard. Evoca-se o nome de várias famílias que dirigiriam a "União corsa", inclusive os Peretti. Achille nega, mas deve renunciar à presidência da Assembleia Nacional e escapa mesmo a um "suicídio".

Em 1977, Pal Sarközy separa-se da sua segunda esposa, Christine de Ganay, a qual liga-se então com o nº 2 da administração central do Departamento de Estado dos Estados Unidos. Ela o desposa e instala-se com ele na América. Sendo o mundo pequeno, como é bem sabido, seu marido não é outro senão Frank Wisner Jr., filho do anterior. As funções de Junior na CIA não são conhecidas, mas é claro que ele desempenha um papel importante. Nicolas, que permanece próximo da sua mãe adoptiva (belle-mère), do seu meio irmão e da sua meia irmã, começa a virar-se para os Estados Unidos onde se "beneficia" dos programas de formação do Departamento de Estado.

Neste período, Nicolas Sarkozy adere ao partido gaullista. Ali tem contactos com Charles Pasqua, tanto mais frequentes por este ser não só um líder nacional como também o responsável da secção departamental de Hauts-de-Seine.

Em 1982, Nicolas Sarkozy, tendo concluído seus estudos de direito e tendo-se inscrito nos tribunais, casa com a sobrinha de Achille Peretti. Sua testemunha de casamento é Charles Pasqua. Enquanto advogado, Mestre Sarkozy defende os interesses dos amigos corsos dos seus mentores. Ele adquire uma propriedade na ilha da beleza, em Vico, e imagina "corsisar" o seu nome substituindo o "y" por um "i": Sarkozi.

No ano seguinte é eleito maire de Neuilly-sur-Seine em substituição do seu tio adoptivo, Achille Peretti, abatido por uma crise cardíaca.

Entretanto, Nicolas não tarda em trair sua mulher e, desde 1984, mantém uma ligação escondida com Cecília, a esposa do mais célebre animador da televisão francesa da época, Jacques Martins, que conheceu ao celebrar seu casamento na qualidade de maire de Neully. Esta vida dupla dura cinco anos, até que os amantes deixem seus consortes respectivos para construir um novo lar.

Nicolas é a testemunha de casamento, em 1992, da filha de Jacques Chirac, Claude, com um editorialista do Figaro. Ele não consegue impedir-se de seduzir Claude e de manter uma breve relação com ela, enquanto vive oficialmente com Cecília. O marido enganado suicida-se com a absorção de drogas. A ruptura é brutal e irreversível entre os Chirac e Nicolas Sarkozy.

Em 1993, a esquerda perde as eleições legislativas. O presidente François Mitterand recusa demitir-se e entra em co-habitação com um primeiro-ministro de direita, Jacques Chirac, que ambiciona a presidência e pensa então formar com Edouard Balladur um tandem comparável àquele de De Gaulle e Pompidou. Ele recusa-se a ser novamente primeiro-ministro e deixa o lugar ao seu "amigo de trinta anos", Edouard Balladur. Apesar do seu passado sulfuroso, Charles Pasqua torna-se ministro do Interior. Conservando firmemente o domínio da marijuana marroquina, ele aproveita a sua situação para legalizar as suas outras actividades tomando o controle dos casinos, jogos e corridas na África francófona. Ele também tece ligações na Arábia Saudita e em Israel e torna-se oficial de honra (officier d’honneur) do Mossad. Nicolas Sarkozy, por sua vez, é ministro do Orçamento e porta-voz do governo.

Em Washington, Frank Wisner Jr. assumiu a sucessão de Paul Wolfowitz como responsável pelo planeamento político no Departamento da Defesa. Ninguém comentou as ligações que o uniam ao porta-voz do governo francês.

É então que retorna ao seio do partido gaullista a tensão que se experimentara trinta anos antes entre os gaullistas históricos e a direita financeira, encarnada por Balladur. A novidade é que Charles Pasqua e com ele o jovem Nicolas Sarkozy traem Jacques Chirac para se aproximarem da corrente Rothschild. Saiu tudo errado. O conflito atingirá seu apogeu em 1995 quando Édouard Balladur se apresenta contra o seu ex-amigo Jacques Chirac à eleição presidencial, e será batido. Acima de tudo, seguindo as instruções de Londres e Washington, o governo Balladur abre as negociações de adesão à União Europeia e à NATO dos Estados da Europa central e oriental, livres da tutela soviética.

Nada dá certo no partido gaullista, onde os amigos de ontem estão prestes a matar-se uns aos outros. Para financiar a sua campanha eleitoral, Edouard Balladur tenta apoderar-se da caixa negra do partido gaullista, escondida na dupla contabilidade da petroleira Elf. Assim que morreu o velho Étienne Léandri, os juízes examinaram a sociedade e os seus dirigentes são encarcerados. Mas Balladur, Pasqua e Sakozy não chegarão a recuperar o tesouro.

A travessia do deserto

Ao longo de todo o seu primeiro mandato, Jacques Chirac manteve Nicolas Sarkozy a distância. O homem fez-se discreto durante esta longa travessia do deserto. Discretamente, continua a estabelecer relações nos círculos financeiros.

Em 1996, Nicolas Sarkozy, tendo por fim conseguido encerrar um processo de divórcio que não acabava, casa-se com Cecília. Eles têm como testemunhas os dois miliardários Martin Bouygues e Bernard Arnaud (o homem mais rico do país).

Último acto

Bem antes da crise iraquiana, Frank Wisner Jr. e seus colegas da CIA planeiam a destruição da corrente gaullista e a ascensão ao poder de Nicolas Sarkozy. Eles agem em três tempos: primeiro a eliminação da direcção do partido gaullista e a tomada de controle deste aparelho, depois a eliminação do principal rival de direita e a investidura do partido gaullista à eleição presidencial, finalmente a eliminação de todo rival sério à esquerda de maneira a que fosse certo ganhar a eleição presidencial.

Durante anos os media foram mantidos excitados pelas revelações póstumas de um promotor imobiliário. Antes de morrer de uma doença grave, ele registou, por uma razão nunca esclarecida, uma confissão em vídeo. Por uma razão ainda mais obscura, a "cassette" cai nas mãos de um hierarca do Partido Socialista, Dominique Strauss-Khan, que a faz chegar indirectamente à imprensa.

Se bem que as confissões do promotor imobiliário não resultem em nenhuma sanção judiciária, elas abrem uma caixa de Pandora. A principal vítima dos casos sucessivos será o primeiro-ministro Alain Juppé. Para proteger Chirac, ele assume só todas as infracções penais. O afastamento de Juppé deixa o caminho livre a Nicolas Sarkozy para tomar a direcção do partido gaullista.

Sarkozy explora então a sua posição para constranger Jacques Chirac a retomá-lo no governo, apesar do seu ódio recíproco. Ele acabou por ser ministro do Interior. Que erro! Neste posto, ele controla os prefeitos e a rede de inteligência interna, a qual ele utilizou para colocar os seus indicados nos principais ramos da administração.

Ele também trata dos assuntos corsos. O prefeito Claude Érignac foi assassinado. Se bem que não tenha sido reivindicado, o assassínio foi imediatamente interpretado como um desafio lançado à República pelos independentistas. Após uma longa caçada, a polícia conseguiu prender um suspeito em fuga, Yvan Colonna, filho de um deputado socialista. Desprezando a presunção de inocência, Nicolas Sarkozy anuncia a sua prisão acusando-o de ser o assassino. É que a notícia é demasiado bela, a dois dias do referendo que o ministro do Interior organiza na Córsega para modificar o estatuto da ilha. Seja como for, os eleitores rejeitam o projecto Sarkozy que, segundo alguns, favorece os interesses mafiosos. Se bem que Yvan Colonna posteriormente tenha sido reconhecido culpado, ele sempre clamou a sua inocência e não foi encontrada nenhuma prova material contra ele. Estranhamente, o homem amuralhou-se no silêncio, preferindo ser condenado a revelar o que sabe. Nós revelamos aqui que o prefeito Érignac não foi morto por nacionalistas, mas sim abatido por um assassino a soldo, imediatamente enviado para Angola onde foi contratado pela segurança do grupo Elf. O móvel do crime estava precisamente ligado às funções anteriores de Érignac, responsável pelas redes africanas de Charles Pasqua na Ministério da Cooperação. Quanto a Yvan Colonna, é um amigo pessoal de Nicolas Sarkozy desde há décadas e seus filhos frequentam-se mutuamente.

Explode um novo caso: circulam falsas listagens que acusam mentirosamente várias personalidade de esconderem contas bancárias no Luxemburgo, junto à Clearstream. Dentre as personalidades difamadas, Nicolas Sarkozy. Ele apresenta queixa e sub-entende que seu rival de direita na eleição presidencial, o primeiro-ministro Dominique de Villepin, organizou esta maquinação. Ele não esconde sua intenção de lançá-lo na prisão.

Na realidade, as falsas listagens foram postas em circulação por membros da Fundação Franco-Americana [5], de que John Negroponte era presidente e de que Frank Wisner Jr. é administrador. O que os juízes ignoram e que nós revelamos aqui é que as listagens foram fabricadas em Londres por uma oficina comum da CIA e do MI6, Hakluyt & Co, de que Frank Wisner Jr. é igualmente administrador.

Villepin defende-se do que é acusado, mas está sob exame, proibido de deixar a sua casa e, de facto, afastado provisoriamente da via política. O caminho está livre à direita para Nicolas Sarkozy.

Resta neutralizar as candidatura da oposição. As quotas de adesão ao Partido Socialista são reduzidas a um nível simbólico para atrair novos militantes. Subitamente milhares de jovens obtém seu cartão do partido. Dentre eles, pelo menos dez mil novos aderentes são na realidade militantes do Partido trotskquista "lambertista" (do nome do seu fundador, Pierre Lambert). Esta pequena formação de extrema esquerda historicamente pôs-se ao serviço da CIA contra os comunistas stalinianos durante a Guerra Fria (Ela é o equivalente do SD/USA de Max Shatchman, que formou os neoconservadores nos EUA). [6] Não é a primeira vez que os "lambertistas" infiltram o Partido Socialista. Eles nomeadamente plantaram dois célebres agentes da CIA: Lionel Jospin (que se tornou primeiro-ministro) e Jean-Christophe Cambadélis, o principal conselheiro de Dominique Strauss-Kahn. [7]

São organizadas primárias no interior do Partido Socialista a fim de designar seu candidato à eleição presidencial. Duas personalidades estão em concorrência: Laurent Fabius et Ségolène Royal. Só o primeiro representa um perigo para Sarkozy. Dominique Strauss-Kahn entra na corrida tendo por missão eliminar Fabius no último momento. O que ele está em condições de fazer graças aos votos dos militantes "lambertistas" infiltrados, que dão os seus votos não a ele mas sim a Royal. A operação foi possível porque Strauss-Kahn, de origem judia marroquina, está há muito na folha de pagamento dos Estados Unidos. Os franceses ignoram que ele dá cursos em Stanford, onde foi contratado pela superintendente da universidade, Condoleezza Rice. [8].

A partir da sua tomada de posse, Nicolas Sarkozy e Condoleezza Rice agradecerão a Strauss-Kahn fazendo-o eleger para a direcção do Fundo Monetário Internacional.

Primeiros dias no Eliseu

Na noite da segunda volta da eleição presidencial, quando os institutos de sondagem anunciam a sua provável vitória, Nicolas Sarkozy pronuncia um breve discurso à nação no seu QG de campanha. Depois, ao contrário de todos os costumes, ele não vai à festa com os militantes do seu partido, mas dirige-se ao Fouquet’s. O célebre restaurante dos Campos Elíseos, que outrora era o ponto de encontro da "União corsa", hoje é propriedade do operador de casino Dominique Desseigne. Foi posto à disposição do presidente eleito para receber seus amigos e os principais doadores da sua campanha. Uma centena de convidados ali se acotovelam, os homens mais ricos da França ombro a ombro com patrões de casinos.

Depois disso o presidente eleito oferece-se alguns dias de repouso bem merecidos. Tomando um Falcon-900 privado, vai para Malta. Ali repousa no Paloma, o iate de 65 metros do seu amigo Vicent Bolloré, um miliardário formado no Banco Rothschild.

Finalmente, Nicolas Sarkozy toma posse como presidente da República Francesa. O primeiro decreto que assina não é para proclamar uma amnistia, mas para autorizar os casinos dos seus amigos Desseigne e Partouche a multiplicar as máquinas de moedas.

Ele forma sua equipe de trabalho e seu governo. Sem surpresa, encontra-se ali um bem turvo proprietário de casinos (o ministro da Juventude e Desporto) e o lobbyista dos casinos do amigo Desseigne (que se torna porta-voz do partido "gaullista").

Nicolas Sarkozy apoia-se sobretudo em quatro homens:
- Claude Guéant, secretário-geral do Palácio do Eliseu. É o antigo braço direito de Charles Pasqua.
- François Pérol, secretário-geral adjunto do Eliseu. É um associado-gerente do Banco Rothschild.
- Jean-David Lévitte, conselheiro diplomático. Filho do antigo director da Agência Judia. Embaixador da França na ONU, ele foi afastado das suas funções por Chirac que o julgava demasiado próximo de George Bush.
- Alain Bauer, o homem da sombra. Seu nome não aparece nos anuários. É o encarregado dos serviços de informação. Neto do Grande Rabi de Lyon, antigo Grande-Mestre do Grande Oriente da França (a principal obediência maçónica francesa) e antigo nº 2 da National Security Agency estado-unidense na Europa. [9].
Frank Wisner Jr., que entretanto fora nomeado enviado especial do presidente Bush para a independência do Kosovo, insiste em que Bernard Kouchner seja nomeado ministro dos Negócios Estrangeiros com uma dupla missão prioritária: a independência do Kosovo e a liquidação da política árabe da França.

Kouchner, um judeu de origem báltica, começou sua carreira a participar na criação de uma ONG humanitária. Graças aos financiamentos da National Endowment for Democracy, ele participou nas operações de Zbigniew Brzezinski no Afeganistão, ao lado de Oussama Ben Laden e dos irmãos Karzaï contra os soviéticos. Nos anos 90 podia ser encontrado junto a Alija Izetbegoviç na Bosnia-Herzégovina. De 1999 à 2001 foi Alto Representante da ONU no Kosovo.

Sob o controle do irmão mais novo do presidente Hamid Karzaï, o Afeganistão tornou-se o primeiro produtor mundial de papoula. O seu sumo é transformado ali em heroína e transportado pela US Air Force para Campo Bondsteel (Kosovo). Lá, a droga passa para os homens de Haçim Thaçi que a escoa principalmente para a Europa e acessoriamente para os Estados Unidos. [10] Os lucros são utilizados para financiar as operações ilegais da CIA.

Karzaï e Thaçi são amigos pessoais de longa data de Bernard Kouchner, que certamente ignora suas actividades criminosas apesar dos relatórios internacionais que lhe foram consagrados.

Para completar seu governo, Nicolas Sarkozy nomeia Christine Lagarde, ministra da Economia e das Finanças. Ela fez toda a sua carreira nos Estados Unidos onde dirigiu o prestigioso gabinete de juristas Baker & McKenzie. No seio do Center for International & Strategic Studies de Dick Cheney, ela co-presidiu com Zbigniew Brzezinski um grupo de trabalho que supervisionou as privatizações na Polónia. Ela organizou um lobbying intenso por conta da Lockheed Martin contra o construtor de aviões francês Dassault. [11].

Nova escapada durante o Verão. Nicolas, Cecília, sua preceptora (maitresse) comum e seus filhos fazem-se oferecer férias estado-unidenses em Wolfenboroo, não longe da propriedade do presidente Bush. A factura, desta vez, é paga por Robert F. Agostinelli, um banqueiro de negócios italo-nova-iorquino, sionista e neoconservador que apresenta seus pontos de vista em Commentary, a revista do l’American Jewish Committee.

O êxito de Nicolas reflecte-se no seu meio-irmão Pierre-Olivier. Sob o nome americanizado de "Oliver", é nomeado por Frank Carlucci (que foi o nº 2 da CIA depois de ter sido recrutado por Frank Wisner Sr.) [12] director de um novo fundo de investimento do Grupo Carlyle (a sociedade comum de gestão de carteiras dos Bush e dos Ben Laden). [13] Tornado o 5º deal maker do mundo, ele gere os haveres principais dos fundos soberanos do Koweit e de Singapura.

A quota de popularidade do presidente está em queda livre nas sondagens. Um dos seus conselheiros em comunicação, Jacques Séguéla, preconiza desviar a atenção do público com novas "people stories". O anúncio do divórcio com Cecilia foi publicado pelo Libération, o jornal do seu amigo Edouard de Rothschild, para encobrir os slogans dos manifestantes num dia de greve geral.

Indo mais além, o comunicador organizou um encontro com a artista e ex-manequim Carla Bruni. Alguns dias mais tarde, sua ligação com o presidente é oficializada e a campanha mediática encobre novamente as críticas políticas. Algumas semanas ainda e é o terceiro casamento de Nicolas. Desta vez, ele escolhe como testemunhas Mathilde Agostinelli (a esposa de Robert) e Nicolas Bazire, antigo director de gabinete de Edouard Balladur que se tornou associado-gerente no Rothschild.

Quando os franceses terão olhos para ver o que têm a fazer?

 Thierry Meyssan

Analista político, fundador do Réseau Voltaire . Último livro publicado: L’Effroyable imposture 2 (a remodelação do Oriente Próximo e a guerra israelense contra o Líbano).


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Tradução de Resistir

As informações contidas neste artigo foram apresentadas na mesa redonda de encerramento do Eurasian Media Forum, no Casaquistão (25/Abril/2008).



[1] Quand le stay-behind portait De Gaulle au pouvoir, par Thierry Meyssan, Réseau Voltaire, 27 août 2001

[2] Quand le stay-behind voulait remplacer De Gaulle, par Thierry Meyssan, Réseau Voltaire, 10 septembre 2001

[3] L’Énigme Pasqua, par Thierry Meyssan, Golias ed, 2000.

[4] Les requins. Un réseau au cœur des affaires, par Julien Caumer, Flammarion, 1999.

[5] Un relais des États-Unis en France : la French American Foundation , par Pierre Hillard, Réseau Voltaire, 19 avril 2007.

[6] Les New York Intellectuals et l’invention du néo-conservatisme, par Denis Boneau, Réseau Voltaire, 26 novembre 2004.

[7] Éminences grises, Roger Faligot et Rémi Kauffer, Fayard, 1992 ; « The Origin of CIA Financing of AFL Programs » in Covert Action Quaterly, n° 76, 1999.

[8] Dominique Strauss-Kahn, l’homme de « Condi » au FMI, par Thierry Meyssan, Réseau Voltaire, 5 octobre 2007.

[9] Alain Bauer, de la SAIC au GOdF, Note d’information du Réseau Voltaire, 1er octobre 2000.

[10] Le gouvernement kosovar et le crime organisé, par Jürgen Roth, Horizons et débats, 8 avril 2008.

[11] Avec Christine Lagarde, l’industrie US entre au gouvernement français, Réseau Voltaire, 22 juin 2005.

[12] L’honorable Frank Carlucci, par Thierry Meyssan, Réseau Voltaire, 11 février 2004.

[13] Les liens financiers occultes des Bush et des Ben Laden et Le Carlyle Group, une affaire d’initiés, Réseau Voltaire, 16 octobre 2001 et 9 février 2004.


quarta-feira, 22 de abril de 2009

MORREU A MAI DA PRAÇA DE MAIO GALEGA



O BNG lamenta a notícia da morte da galego-argentina Dionísia Lopes Amado, e soma-se ao recordo do seu "impresionante legado de coerência, dignidade e luita incansável". A candidata do BNG para as eleiçons europeias, Ana Miranda, indicou como "marchou sem saber do seu filho, mas sem desejar vingança". Para achegar-nos ao seu pensamento recomendamos umha entrevista aparecida em Grial em 2006.


Dionisa López Amado canda representante do BNG no exterior, Ana Miranda e Andrés Amado, do BNG de Betanzos Na foto, Dionisa Lópes Amado canda representante do BNG no exterior, Ana Miranda e Andrês Amado, do BNG de Betanços Assi mesmo, a responsable da Comisión de Migración, Ana Miranda, recordouna como unha "muller de sorriso permanente e de carácter afável".

López Amado morreu ás 19.00 horas do sábado en Bos Aires aos 80 anos, trás ser internada no hospital a passada segunda-feira (luns) . Emigrara a Argentina desde Cedeira (A Crunha) em 1952 com o seu marido e com o seu filho de cinco meses, Antonio Días Lopes, quem logo foi seqüestrado aos 24 anos junto com a sua noiva Stella Maris pola ditadura argentina.

Segundo assinalou o BNG, a partir da desapariçom do seu filho, Dionisia emprendeu umha "loita incesante" na busca del percorrendo esquadras da polícia (comisarias), quarteis e campos de internamento sem obter resposta, para implicar-se posteriormente na luita das Mais de Praça de Maio.

López Amado participou sempre en todas as causas onde foi reclamada e colaborou com entidades de defensa dos dereitos humanos. Do mesmo modo, tomou parte das actividades da colectividade galega e militava na organizaçom da diáspora do Bloque Nacionalista Galego.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Apontamentos para umha história da imprensa em Chantada. Passado, presente e futuro

8-4-09

1900-1936

Deveriamos começar indicando a importáncia do agrarismo, movimento social e político que se desenvolveu entre os séculos XIX e XX para a melhora das condiçons de vida do agro e a redençom dos foros. O primeiro grande contacto com esta corrente dá-se, para a nossa comarca, em1908 com motivo da I Assembleia Agrária de celebrada em Monforte de Lemos.

Com a ditadura de Miguel Primo de Rivera chega a redençom foral em 1926, mas já por entom ficavam mui poucos foros vigentes, quer dizer, que se plasmou de iure o que já existia de facto, algo que esquecem hogano algumhas aproximaçons históricas superficiais. O agrarismo passará entom a artelhar-se arredor de sindicatos, que poderám ser católicos ou progressistas e que procuravam um pulo modernizador do agro e a melhora das condiçons de vida dos camponeses, isso si, enquanto o primeiro se conseguiu em parte (a venda de arados de ferro atingiu níveis durante a II República que nom recuperaria até a década de cinqüenta); o segundo apenas deu passos em positivo, por medidas lesivas do centralismo estatal para a gandeiria galega, por mor de tratados comerciais para a importaçom de vacum argentino e uruguaio em 1903 e 1934 respeitivamente, que figérom cair os preços do gado galego. Noutras palavras, que para Madrid o agro galego nom contava, tónica ainda hoje geral para o leite galego face o vinho castelhano e o azeite andaluz.

Perante o preto panorama, sem contrarrestar com a apariçom de avanços como a «ruiva galega» que equiparava mais a produçom de leite e carne, as sociedades agrícolas decidem optar entom pola criaçom de matadoiro em regime de cooperativa, processo truncado polo golpe militar fascista de 1936, com conseqüências funestas para o associacionismo agrário e com umha dura repressom para muitos sindicalistas, por citar um caso o sindicato agrário ligado à UGT de Santa Cruz de Viana, cujos membros temêrom pola sua vida em vista das razzias que membros de Falange Espanhola dos arredores exerciam na paróquia nos tempos das sacas indiscriminadas.

Entre 1913 e 1927 a Galiza contava com 99 jornais, quantidade exígua se olhamos que no Estado espanhol a cifra se elevava a 1980 jornais [Rodrigues Rivas, 2005: 109] e que em Portugal o número de publicaçons tamém era sensivelmente superior, a pesar do golpe militar de 1926 que trairia consigo despois o Salazarismo e o férreo controlo da imprensa no Estado luso [Pena Rodrigues, 1998: 19-40]. No entanto, isto nom deveria surpreender-nos se consideramos que os labregos eram a base social maioritária da naçom galega e que a populaçom rural e semirural superava 80% do total. Isto quer dizer que na Galiza predominavam, por esmagadora maioria, os iletrados e analfabetos, toda vez que a escolarizaçom universal nom chegaria até a década de 70 do passado século; se bem na II República a pedagogia e o ensino receberám um grande impulso com as propostas do kraussismo, na Galiza assumidas por arredistas e reintegracionistas como Joám Vicente Biquiera, em ligaçom com a Institución de Libre Enseñanza e Francisco Giner de los Rios.

Contodo, isto nom quere dizer que nom houvesse camponeses que souberam ler e, de facto, a enorme tirada e sucesso do semanário O tio Marcos da Portela, que nasce em 1876 da mao de Valentim Lamas Carvalhal, assi o testemunha. Outro exemplo semelhante é o êxito que colheita a obra O catecismo do labrego com umha tirada inaudita para umha obra na língua nacional até a apariçom de Memorias dun neno labrego de Neira Vilas, outro best-seller das nossas letras.

Parelha a I Assembleia Agrária nasce Faro-Miño (1908) primeira publicaçom da imprensa chantadina ao que seguirám El Centinela (1912) e El Regionalista (1922), todos numha época de auge da imprensa local e comarcal em toda a província de Lugo, já que «a prensa comarcal é un fenómeno senón exclusivo, polo menos si caracterizador da prensa galega neste período que se pode ampliar – como no caso de Mondoñedo á primeira metade do século» [Rodrigues Rivas, 2005: 109-111].

El Centinela aparece em 1912 como jornal agrárista e, em certa medida, oposto ao outro jornal da vila intitulado La Comarca, que se insire num panorama em que o jornalismo de empresa começa a consolidar-se, se bem a duraçom dos cabeçalhos ainda adoita ser breve e na Galiza o número de publicaçons fica por trás do resto do Estado, se bem entre 1890 e 1923 aparecem, segundo José Lopes Garcia, entre 20 e 30 novas publicaçons na nossa naçom [Rodrigues Rivas, 2005: 79]. A consolidaçom do jornalismo de empresa é tímida e nom vai além de consolidar e inçar a publicidade à vez que se incrementam as tirages e se vam profissionalizando os meios. De facto, apenas os cabeçalhos que aprofundárom nesta estratégia chegariam até hoje.

El Centinela (1912) editava-se na imprensa que levava o nome dum outro jornal lucense de carácter conservador: El Norte de Galicia. Esta imprensa duraria até 1923 se bem conheceria outra denominaçom quando o jornal anterior fecha e o substitui La Provincia. No tocante a El Regionalista (1923-1924), semanário chantadino do que falamos já antes, saia da imprensa de Gerardo Castro Montoia, quem iniciara as suas actividades em 1888 na Imprensa Católica para independizar-se logo ao mercar-lhe ao conhecido Soto Freire o seu talher em 1894. Da sua imprensa saírom semanários monolingües em galego como A Monteira (1889-1891) ou O Labrego (1891) [Rodrigues Rivas, 2005: 85].

Após a caída da ditadura de Primo de Rivera e a frustrada tentativa de voltar consolidar a monarquia parlamentar, primeiro com Berenguer e logo com o almirante Aznar, chega a II República e a liberdade de imprensa, embora com limitaçons, aumenta, ao menos até a vitória das direitas nas eleiçons de 1934. Em Chantada aparecerá Juventud. Órgano de la juventud republicana de Chantada, claramente antitético e oposto a La Voz del Agro e El Agro, cabeçalhos com os que polemizará.

Juventud nascera em 1928, a pesar da censura da ditadura, em forma de semanário de orientaçom republicana e La Voz del Agro aparece tamém nesse mesmo 1928, mas desaparecerá com a chegada da II República em 1931. Com estes títulos Chantada gozava de mui boa saúde no panorama galego, que contava com 97 cabeceiras durante a ditadura dum total de 165 que se publicavam [Rodrigues Rivas, 2005: 103]. No entanto, esta dualidade semelhava atingir já o máximo potencial da vila, com escassa viabilidade comercial de certo, e na II República viverám Juventud e El Agro, umha vez desaparecido La Voz del Agro.

1936-2009

Com a Guerra Civil espanhola o jornalismo descende ao averno e o totalitarismo fascista submete ao seu controle todo quanto é publicado, como indica Barreiro Fernandes «nunca sufriu Galicia unha prensa tan envilecida, tan mendaz, tan hipócrita, como a daqueles anos. Non só se perdeu o exercicio da liberdade, senón incluso o exercicio do sentido común e da dignidade» [Rodrigues Rivas, 2005: 160-1]. Este ermo acrescentará-se com o incêndio, quiçais provocado em represália por ser refúgio de golpistas denantes da Guerra Civil espanhola, em Setembro de 1951 do mosteiro de Samos onde se guardava a biblioteca do padre Feijoo, quem no século das luzes defendera a unidade do trono galego-português e a dignificaçom da nossa língua.

Porém, o nacional-catolicismo irá abrindo a mao e desde os sessenta, com a entrada dos tecnocratas, percebece-se um certo «aperturismo» no regime, que, no entanto, continuava sendo um regime genocida e totalitário. A pressom internacional e a fim da autarquia obrigarám ao regime a ir cedendo, máxime quando o turismo de praia se convertera numha alternativa à desastrada autarquia. Nom é difícil, entom, dar-se conta de que a maior informaçom maior oposiçom ao regime e em 1963 nasce o Tribunal de Orde Pública, que hoje recebe o nome de Audiênicia Nacional, encarregado de julgar os «delitos» políticos.

A situaçom é óptima entom para que ince um jornalismo crítico e de investigaçom, na clandestinade claro, ao tempo que se garantia o franquismo sem Franco com o ascenso de Carrero Blanco e o nomeamento de Joám Carlos como sucessor do «caudilho».

No mundo universitário, de onde sairiam os novos jornalistas e escritores mais críticos com o regime, a efervescência acada pontos álgidos, que tardariam anos em voltar-se produzir. A Universidade de Santiago adiantam-se em vários meses ao Maio do 68 francês, como conseqüência do maior número de intitulaçons, alunado e professorado. Três meses antes, desde Fevereiro, o estudantado subleva-se em massa e realiza encerramentos e ocupaçons durante dias:

«a facultate foi, daquela, escola de educación cívica e democrática, fragua de cidadáns libres e desalienados – cousa que sigo considerando consustancial co cerne da función universitaria como servizo educativo ao dispor da cidadania e a sociedade. E isso esprica que o novo plan de estudos elaborado a meiados dos setenta fóseo coa participación directa do estudantado no proceso e resultase metodoloxicamente vanguardista e estruturalmente precursor» [Beiras Torrado, 2008: 340-355].

Que tomem nota os inquisidores do Plano Bolonha mais de trinta anos após aqueles sucessos.

A conhecida coma «Lei Fraga» (a Ley de Prensa datava de 1938) supom a aplicaçom da censura a posteriori e nom a priori, o qual nom evitava seqüestros de publicaçons nem duríssimas represálias; para além de actos esperpenpéticos, coma o soneto de treze versos de Jesus Alonso Montero após a acçom da censura. Em resumo, que a suposta abertura que trairia fica controlada por artigos dessa mesma Ley de Prensa e Imprenta de 18 de marzo de 1966.

Dez anos antes, em 1956, aparece a televisom, que irá restando leitores à imprensa escrita (até chegar à gravíssima situaçom actual onde sei de cada dez galegos nom lem nunca, o que supom que 60% da nossa populaçom é analfabeta funcional), agá as revistas rosa ou do coraçom, já que as mulheres de classe meia-alta ganhavam em tempo livre ao contar com novos electrodomésticos e ter que ficar à espera do marido na casa (conforme ao ideal de mulher que o regime ditava) [Rodrigues Rivas, 2005: 181-182].

Contodo, as publicaçons receberám maior auge a partir de 1978, com a legislaçom emanada da Constituiçom desse ano, e em Lugo será El Progreso o cabeçalho de maior repercussom, com atençom tamém para a comarca de Chantada durante toda a II Restauraçom bourbónica e com umha presença testemunhal da nossa língua, como acontece tamém em La Voz de Galicia outro jornal que dedica umha secçom a «Terras de Lemos» em que se inclui a nossa comarca desde os oitenta; um jornal que começou sendo progressista e que hoje é pouco menos que o vozeiro do Partido Popular é o de maior tirada no conjunto da Galiza. De facto, o desejo dos grupos económicos de acadar o maior número de leitores, inçando assi o seu lucro, trai consigo que se reduzam o número de publicaçons e a pluralidade, o qual nom exclui que se tentem focar áreas locais para fazer mais atractivo o produto.

Assi as cousas, no tempo da INTERNET e a globalizaçom capitalista os meio de massas som apenas meios de controlo e a contra-informaçom fica ao dispor, na verdade, tam só duns poucos afortunados que disponham de INTERNET. Indica Ignácio Ramonet que a separaçom de poderes que predicava Montesquieu finou a favor do poder económico, o poder mediático e o poder político:

«Nos seus esquemas o poder político nom é máis que o terceiro poder, por diante atópase o poder económico e o poder mediático, e en canto se posúan estes, facerse co poder político non é máis que un simple trámite» [Beiras Torrado, 2008: 307].

Neste panorama é onde se dilucida à perfeiçom a decadência nom apenas dos jornais locais, mas tamém de publicaçons de qualquer outro tipo. Neste sentido a iniciativa de Televinte, no eido visual e monolingüe em galego, é umha grande notícia para a comarca, embora o seu futuro nom esteja em absoluto garantido. Outra publicaçom centrada em grande parte na nossa vila é En Común. Muito mais irregular, e quiçais sem perdurabilidade no tempo, é o fancinema Consenso, publicaçom bilingüe e de orientaçom literária e nom tanto informativa. Mais regular é desde logo a revista da Asociación de Empresarios de Chantada.

Com anterioridade a estas publicaçons tinham aparecido em Chantada outras. Concretamente, em 1992 aparece a publicaçom bilingüe e trimestral A Chantada e a tamém trimestral Alén-Parte. Revista de información e debate [Rodrigues Rivas, 2005: 222]. No eido da rádio contamos com a desconexom da SER para Radio Faro.

Finalmente, e como coda, sublinhar que a nossa comarca bota em falha um vozeiro parido polos movimentos sociais e o associacionismo que poda valer como eficaz meio de contra-informaçom e volte situar a Chantada entre as comarcas com publicaçons de seu, tanto melhor se for em galego na sua totalidade e contasse com umha ediçom digital e outra escrita. Porém isso supom madurecer o renascer da esquerda altermundista e socialista que ainda está agromando na nossa comarca e que deverá ir da mao da exigência colectiva da soberania nacional e a autodeterminaçom. Volver a afirmar o velho lema do Sexénio Revolucionário (1868-1874) em que se afirmava que o jornal é o livro do obreiro. Nós Sós!

Bibliografia

BEIRAS TORRADO, José Manuel (2008), Por unha Galiza liberada e novos ensaios, Espiral Maior, Culheredo.

PENA RODRIGUES, Alberto (1998), El gran aliado deFranco. Portugal y la Guerra Civil española: prensa, radio, cine y propaganda, Ediciós do Castro, Sada (A Crunha).

RODRIGUES RIVAS, Ana Maria (2005), O xornalismo en Galicia. Percorrido histórico pola prensa de Lugo, Galaxia, Vigo.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

OSOCIALISMO DEMOCRÁTICO


por Agence Cubaine de Nouvelles*

Não desejava escrever uma terceira reflexão consecutiva, mas não posso deixá-la para a segunda-feira.

O “capitalismo democrático” de Bush tem uma resposta exata: o socialismo democrático de Chávez. Não haveria forma mais precisa para expressar a grande contradição entre o Norte e o Sul do nosso hemisfério, entre as idéias de Bolívar e as de Monroe.





O grande mérito de Bolívar é ter expressado isso quando não existiam os meios modernos de comunicação e nem sequer o Canal de Panamá. Também não existia o imperialismo dos Estados Unidos; eram simplesmente as Treze Colônias de fala inglesa que, unidas, independizaram-se em 1776 com a ajuda da França e da Espanha.

Como se fosse capaz de ver através dos séculos, O Libertador proclamou em 1829: “Os Estados Unidos parecem destinados pela Providência a encher de pragas de misérias a América em nome da liberdade.”

Hugo Chávez é um soldado venezuelano em cuja mente germinaram de modo natural as idéias de Bolívar. Basta observar como transitou seu pensamento por etapas diversas do desenvolvimento político a partir da origem humilde, a escola, a academia militar, a leitura da história, a realidade de seu país e a humilhante presença da dominação ianque.

Não era um general nem tinha sob suas ordens os institutos armados; não deu nem podia dar um golpe, não queria nem podia esperar. Revoltou-se, assumiu a responsabilidade pelos fatos, converteu a prisão em escola, ganhou-se o povo e o conquistou para sua causa desde fora do poder; ganhou as eleições através de uma Constituição burguesa; jurou sobre o moribundo documento uma nova lei de leis, chocou com idéias pré-concebidas de esquerda e de direita, e começou a Revolução Bolivariana nas mais difíceis condições subjetivas de toda a América Latina.

Durante dez anos, desde a Presidência de seu país, Chávez não deixou de plantar idéias incessantemente dentro e fora de sua Pátria.

Nenhuma pessoa honesta pode duvidar de que na Venezuela há uma verdadeira revolução em curso, e que ali se desenvolve uma excepcional luta contra o imperialismo.

Deve se sublinhar que Chávez não descansa um minuto, luta dentro da Venezuela e ao mesmo tempo viaja sistematicamente para as capitais de países da América Latina e para nações importantes da Europa, da Ásia e da África. Comunica-se a toda a hora com a imprensa nacional e internacional, não teme abordar qualquer tema, é escutado com respeito pelos principias líderes do mundo, faz uso correto e eficaz do poder real de sua Pátria como país que possui as maiores reservas de petróleo testadas do mundo, junto da existência de abundante gás, e elabora um programa nacional e internacionalista que não tem precedentes.

Quando assina um acordo de parceria entre a Gazprom da Rússia e PDVSA da Venezuela para a busca e exploração de hidrocarbonetos, está criando um consórcio nesse setor que não tem similar no mundo.Sua parceria econômica com a China, a Rússia, países da Europa e outros com recursos abundantes da América Latina e da África, desata forças libertadoras para dar passo a um mundo multipolar. Não exclui os Estados Unidos do fornecimento de energia e da troca comercial. É uma conceição objetiva e equilibrada.

Coloca para sua própria Pátria uma revolução socialista, sem excluir importantes fatores produtivos.

Para a nossa Pátria, em um momento histórico em que foi golpeada pela natureza e pelos embates criminosos do decadente império, constitui um verdadeiro privilégio contar com a solidariedade de Chávez. Jamais fora escutada uma frase tão internacionalista e solidária como a que endereçou ao nosso povo: “A terra da Venezuela é também tua terra!”

O imperialismo tenta liquidá-lo politicamente ou eliminá-lo custe o que custar, sem reparar em que sua morte constituiria uma catástrofe para a Venezuela e para a economia e a estabilidade de todos os governos da América Latina e do Caribe.

Minhas conversas com ele se caracterizam pelo ponto de vista que sustento de que neste instante o mais importante é salvar Venezuela da investida política do governo dos Estados Unidos. Durante sua última visita discutimos sobre a magnitude do apoio que já nos oferece e aquele que deseja nos oferecer, e a nossa sugestão de que concentre o máximo de recursos possível na batalha interna que hoje leva a cabo contra a ofensiva da mídia e os reflexos condicionados plantados durante muitos anos pelo imperialismo.

De agora até 23 de novembro a batalha que se realiza é de grande transcendência, e não desejamos que o apoio a Cuba seja tomado como pretexto para golpear a Revolução Bolivariana.

Os 92 operários venezuelanos da construção integrantes das Brigadas Socialistas de Trabalho Voluntário, enviados para construírem moradias em Pinar del Río, constituem todo um símbolo da nossa época.

Vivem-se instantes de muita importância. A consulta popular para aprovar a nova Constituição no Equador depois de amanhã, tem uma grande transcendência. Chávez se reunirá na segunda-feira, no Brasil com o presidente Lula. Esta noite há um debate na televisão entre Obama e McCain. Todas são notícias importantes.

Por isso não quero deixar para a segunda-feira estas linhas, visto que Chávez amanhã sábado estará de regresso em sua Pátria e falando-lhe de novo a seu povo no domingo. Ele sempre utiliza alguma coisa destas reflexões em sua batalha.

 Agence Cubaine de Nouvelles

Agence Cubaine de Nouvelles (ACN) c’est une division de l’Agence d’information nationale (AIN) de Cuba fondée le 21 mai 197

quarta-feira, 1 de abril de 2009

A Ejecutiva propom ao Conselho Nacional concorrer as eleiçons em coaligaçom com ERC, Aralar e EA



Santiago de Compostela, 31 Março 09. A Ejecutiva Nacional do BNG acordou esta tarde propor ao Conselho Nacional que a formaçom nacionalista concorra às eleiçons ao Parlamento europeu en coaligaçom com Esquerra Republicana de Catalunya, Aralar e Eusko Alkartasuna.

O Conselho Nacional, máximo órgao do BNG entre assembleias nacionais, valorará esta proposta na reuniom plenária que celebrará o próximo sábado e na que tamém se submeterám a debate o Documento Político e o Regulamento da Assembleia Nacional Extraordinária prevista para o próximo dia 10 de Maio.

A Executiva Nacional do BNG considera que esta é a melhor das opçons que se apresentavam perante os nacionalistas galegos para instrumentar a sua participaçom nos comícios ao Parlamento europeu.

Cómpre defender ante as instituiçons comunitárias os interesses da Galiza como naçom e um modelo social e económico alternativo. No actual contexto de grave recesom económica, cumpre mais do que nunca realiçar umha acçom política perante as instituiçons comunitárias de defesa dos interesses da Galiza como naçom e dum modelo social e económico claramente alternativo ao que se veu impondo desde Bruxelas desde a própria configuraçom da Unión Europeia. A tal efecto, a participaçom do BNG no Parlamento europeo cobra umha especial releváncia.

O Bloque Nacionalista Galego vai centrar a sua campanha eleitoral na defesa dos intereses materiais do noso país, especialmente no naval e a gandeiria de leite.

O BNG quer enfatizar que a opçom que hoje propom a Executiva Nacional nom vai em menoscabo do seu compromisso com a plataforma Galeuscat, que topa no plano do redesenho do Estado espanhol –e nom tanto no ceáario eleitoral- a sua verdadeira razom de ser. O BNG manifesta a plena vigência dos conteúdos políticos de Galeuscat, e entre eles nomeadamente a sua aposta pola cultura do diálogo e a sua determinaçom por defender o carácter plurinacional do Estado espanhol.

http://www.bng-galiza.org/opencms/opencms/BNG/global/contidos/novas/portada/nova_0961.html?uri=/BNG/global/seccions/portada/index.html


Dimecres, 1 d'abril de 2009

El BNG reforça la candidatura europea promoguda per Esquerra

Esquerra ha valorat molt positivament la decisió de l’Executiva Nacional del Bloque Nacionalista Galego (BNG) de concórrer conjuntament a les properes eleccions europees en el marc d’una àmplia coalició. Aquesta coalició, que també comptarà amb la presència d’Aralar i Eusko Alkartasuna, representa una aposta política de primer ordre per part de les forces d’esquerra nacional de Galícia, Euskal Herria i els Països Catalans.

En aquest sentit, el vicesecretari de Coordinació Interna i Acció Electoral d’Esquerra, Eduard López, considera que la confirmació d’una alternativa d’aquestes característiques amb vista a les eleccions europees ‘representa la culminació dels esforços duts a terme en les darreres setmanes per part de la direcció d’Esquerra per tal de conformar una aposta capaç de satisfer l’electorat independentista i progressista, que busca una via política pròpia al marge dels dos grans partits estatals’.

López està convençut, a més, que aquesta coalició independentista i d’esquerres contribuirà a reforçar encara més l’ambiciosa campanya d’Oriol Junqueras als Països Catalans: ‘la bona acollida que ha obtingut el nomenament de Junqueras com a cap de cartell d’Esquerra es veurà multiplicada per la coincidència en una mateixa candidatura dels màxims representants de l’independentisme gallec i basc’.


http://www.esquerra.cat/actualitat/el-bng-reforca-la-candidatura-europea-promoguda-per-esquerra