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segunda-feira, 22 de março de 2010

quarta-feira, 17 de março de 2010

O debate do estado da naçom e o “optimismo da vontade” do Partido Popular

Nada tinha que oferecer o PP ao debate para além da mitologia económica da sua austeridade. As intervençons da tarde fôrom difíceis de digerir para o PP que tivérom que recorrer a argumentos falaciosos os desqualificaçons para poder sobrepor-se no debate. No balanço final semelha que Aymerich se erigiu como vencedor, máxime quando com argumentos desmontou a Galiza de fantasia que apresentou Feijoo no Parlamentinho após uma ano perdido.

Nom estaria de mais começar lembrando que esta crise nem é apenas financeira nem muito menos a imos resolver entre todos como os grandes beneficiados da especulaçom pretendem. Os resgates bancários em todo Ocidente chegárom até os 25 bilhons de €, umha cifra tam astronómica da que a classe operária nom pode nem fazer-se umha remota ideia. No Estado espanhol a cifra alcanço a nada desdenhável quantidade de 150.000 milhons de € o que traduzido numha verdadeira socializaçom (e nom essa contumaz socializaçom das perdas de que alguns falam) suporia um dividendo de 1.500€ por pessoa que tivera 20 anos cotizados.

Os dados oferecidos por Aymerich no debate do estado da naçom nom oferecem muito marge de dúvidas enquanto a análise da situaçom. A grandiloquente promessa, e demagógica como todas as da direita, do PP de criar 43.000 novos empregos é um espelhismo. Em Março de 2010 do único que podemos falar é de 30.000 parados mais e umha suba dos ERE’S do 120%. Som já 49.000 as famílias que tenhem a todos os seus membros no paro e isto com 100% das políticas de emprego transferidas. -1.500 empregos em marisqueio e pesca, enquanto 2000 embarcaçons da frota artesanal e de baixura aguardam por umha licença e fica pendente a renovaçom desta flota pesqueira com mais de 30 anos no caso de muitas embarcaçons. -1200 empregos em SEAGA, empresa com a que nom se sabe que fazer quando se aproxima umha Primavera com risco de incêndio e quando a política preventiva foi igual a cero para volver fazer da indústria do lume a principal do país junto à deputaçom de Ourense. O sector forestal terá que aguardar tamém. -1040 exploraçons gadeiras no sector agrário em tam só ano, u-lo plano estratégico para o leite? A resposta segue estando no ar, como no cantar rebelde. Já o enunciava fai uns dias:

«Desde o 1 de Março os aos firmes defensores do ultraliberalismo atendem a res pública. O 25 de Setembro de 2009 a nova Junta anunciou que ia destinar 400 milhons de euros para a banca com o objecto de que esta concedera créditos as empresas (apenas as grandes que oferecem garantias à banca por descontado). A medida foi bem acolhida polos empresários e La Voz. Ao povo dixérom-lhe que isso era bom e mais umha vez acreditou porque seica gera postos de trabalho, que falha fam em vendo um novo ERE cada dia.

(...)

Gerar emprego. Grande mito ultraliberal que é o criador óptimo do paro. O ultraliberalismo ou anarcocapitalismo é umha destruiçom criativa. Cria seis empregos e desfai cem. As 13.000 exploraçons gadeiras que sobrevivem, nunca melhor empregado o verbo, na Galiza traduzem-se em 26.000 postos de trabalho. Para este emprego a nova Junta destina só 20 milhons de euros em ajudas directas, numha inconcevível proporcionalidade. Já se sabe, mao aberta para o que tem e receitas de austeridade para o moribundo. Que cachondos! O leite volveu a descer até 11 céntimos em Setembro e o SLG decidiu regar as leiras com el. Os 20 milhons de Feijoo sabem a pouco tendo em conta que as perdas dos sector nos últimos meses de 2009 superárom os 78 milhons de euros»[1].

Por certo, nom foi o BNG, mas o Manuel Vasques do PSOE o que lhe lembrou ao presidente da Junta o potencial do Banco de Terras que ao PP nom lhe interessa, mas que Euzkadi ou Croácia copiárom de nós. Claro que a eles irá-lhes melhor em nom vivendo na autoanémia. Fala com descaro de um pacto contra o despovoamento, mas foi o PP quem enjeitou o Plano de equilíbrio territorial. Porque nom opta por recolher a iniciativa do Banco de Terras garantindo o seu carácter público e reforçando as suas competências e ritmo de implantaçom junto ajudas directas para a criaçom dum grupo lácteo galego PÚBLICO e complementos para os gandeiro em formas de subvençons pola conservaçom do meio natural e a sua contribuiçom a prevençom de incendios? Claro, ao melhor nom lhes dá votos.

Porque cumpre afundar com urgência no autogoverno algo que faria um bom galeguista, mas nom um “galeguista de salom” coma vocês que atacam a língua da Galiza. Claro que para eles o marco competência fica-lhes inorme e assassinam a autonomia por inaniçom até fazer dela autoanémia. E ainda falam de galeguismo de salom... se Castelao levantara a cabeça e ouvira a Alba de Glória em “hespañol”... Nom lhes vou lembrar aquela cançom de Luís Cília que lhe recomendava o Beiras aos seus, vou-lhe recomendar outra passage do Beiras na sessom de investidura do 31-1-1990, essa sessom de investura que Feijoo vai repetir umha e outra vez durante quatro anos:

«Rosalía chamara “verdadeira xente do traballo do noso país”, e que, dende ela en diante, foron a razón de ser socialment exenuína de cantos nacionalistas houbo neste país até hoxe, incluído o Alfredo Brañas do que vostede tenta apropriarse ideoloxicamente, de xeito tan improprio como inútil. Esa sua xenealoxía vén dende as minorías reaccionaria que reprimiron e perseguiron aos ilustrados e afrancesados galegos despois das guerras napoleónicas baixo o derradeio absolutismo fernandino, pasando polos que convertiron en mártires aos de Carral no 1846, polos depuados cuneiros da primeira restauración borbónica, polos deputados cuneiros da primeira restauración borbónica, polos foristas contra os que loitaban os agrarios e as Irmandades da Fala, as pauliñas e os caciques satirizados ou, millor dito, retratados por Castelao, logo reproducidos como choupíns e pan de cobra na fría humidade da longa invernía franquista, e verquidos en moldes neocaciquís de novo cuño aínda arestora».

A isto poderiamos acrescentar a destruiçom do modelo enérgico planejado pola anterior Junta. Galiza nom chegará representar mais de 2’5% da energia renovável do Estado e já fica por trás de Castela-Leom mercede a sua “involuçom” no modelo eólico. Pola contra, inça sem contrapartida a Galiza de mais minicentrais para rematar de esquilmar os nossos recursos hidrográficos e a nossa fauna. Ao tempo reduce em 8 pontos o orçamento para Investigaçom e Desenvolvimento (I+D) agravando a situaçom económica das universidades. Dinamarca, onte para o agro e hoje para o eólico modelo em que espelhar-se fica a anos-luz porque lá som estado, aqui “cuatro provincias y un virrey”.

Ao tempo que esfarela as energias alternativas e as marges de benefício para o povo galego aposta tamém decididamente polo meio ambiênte. Abrem a Rede Natura a repovoaçom com espécies foráneas, a parques eólicos às toas e a aquicultura em Tourinhám, feito que denunciará na UE a eurodeputada do BNG Ana Miranda. Aliás, aposta por pôr fim à proibiçom de contruir na costa e a Lei de Ordenaçom do Territórioni está ni se le espera” e quando finalmente chegue pouco haverá que ordenar já, eis a sua Lei do Solo e eis os seus desfalcos meio ambientais e a sua titánica aposta polos gandeiros galegos. Passará à história por ser o governo sem concelharia de Meio Ambiente, ao menos neste eido agradece-se tam manifesta declaraçom de intençons. Nem lhe importa o Plano de impacto ambiental, nem o Plano do sector Hidroeléctrico nem o Plano contra o cámbio climático.

No entanto, parece nom importar-lhes que 500 concelhos contem com menos de 5.000 habitantes e até 100 com menos de 1.000 habitantes. Sem umha reforma da administraçom local, pola que este governo que vive do clientelismo nom vai pular, como é que esses concelhos poderám evitar o despovoamento e já nem isso, apenas oferecer os serviços básicos aos seus cidadaos? 1.700 lugares na Galiza já contam tam só com um vizinho, olhermos para outro lado.

Porém, ainda vai mais alá. O PP conseguiu o que se cria que era imposível. Em pleno ano Jacobeu, entregue a gestom contra natura a empresas madrilenas, a afluência turística desce na Galiza em favor doutras CC.AA do Estado espanhol. As pernoctaçons descérom em Janeiro de 2010 (-6%) a respeito de 2009 e isso que é ano Jacobeu. Isso que o PP aposta pola vivenda, eis o fim do programa “Vivenda em aluguer”.

Defendem as caixas galegas em Compostela e atentam contra a sua galeguidade em Madrid esquecendo-se de levar adiante o recurso contra o FROB e relegando da orde de prioridades o estatuto porque assi o marcou com a sua vatuta o Rajoy. Todo más claro, como naquel romance castelhano. Todo mais claro para as galegas e os galegos. A sua relaçom com o Estado espanhol já pode dar-lhe umha boa carreira em Madrid, a contrário só se poderia achacar a incopetência do nosso presidente Habichuelas. Nem financiamento autonómico, a lei de caixas nom lhe serve para nada mas do que para a galeria, como senom se explica a sua negativa a apresentar um recurso contra o FROB? As novas competências “ni están ni se les espera”.

Porque os três grupos da cámara nom apoiam a criaçom dumhas caixas que sejam tal, cento por cento públicas para pôr em marcha um banco de crédito PÚBLICO para dar-lhe liquided a gandeiros e autónomos? Nom é melhor assi, botar-lhes o adibal ao pescoço.

A cifra de parados actual eleva-se até os 234.000, nunca tantos houvera na história na autonomia, nem sequera quando sobordava 30% da populaçom assalariada e quando Fraga nos dizia que o sector ganeiro estava “sobredimensionado”. U-los quarenta dias para rematar com a “crisi”? Muito a contrário o que observamos foi que os empregos em licitaçom pública descérom em 16.000 e que equanto as cámaras municipais investem 643 milhons de € e o governo central 1.500 milhons a Junta da pseudo-austeridade fica numha cifra comparativamente irrisória: 537 milhons de €. Serám recordados pola sua “austeridade de salom”, pola mediocridade dos seus concelheiros disfarçados com globos em “Desván de los monjes y Toro” e nega-se a comprovar quais som as conseqüências do ultraliberalismo para a Galiza. Tamém o PSOE o fai quando acredita no plus de resistência de 6 pontos para Galiza, hoje perdido. Nom hai tal plus, o que somos é periferia próxima e as crises manifestam-se em toda a sua dimensom com retardo, mas chegam para ficar per secula seculorum graças aos despropósitos da política económica do proximamente partido impopular

A política impestiva da direita ultraliberal nom é melhor no eido da Sanidade, nem nos serviços socias, nem no da educaçom e o panorama para a língua e a cultura é preto. Aqui nom hai governo como o expressou Beiras, aqui existe apenas umha brigada de demoliçom e limpeça étnica. Claro que em La Voz de Galicia seguirám dizendo que Feijoo ganhou o debate, ninguém morde a mao que lhe dá de comer, é-che bem certo.

Qual é a situaçom da sanidade que Feijoo na sua campanha ia revolucionar? Revolucionou si, mas nom rebaixando a listage de espera, mas assentando os piares da privatizaçom e a ruína da sanidade pública inçando os custos reais dos novos hospitais até quatro vezes e com piores serviços. Todo para rematá-los antes. Já tem presas de inaugurar qualquer alpendre como fazia o senhor Fraga. Inauguraçons e fotos, como para estar fachendoso com a privatizaçom do hospital de Bos Aires, 37 milhons de € para umha empresa amiga.

100 especialistas a menos, eis umha das conseqüências das acçons estelares de Pilar Farjas. Para fazer umha mamografia hai que aguardar 14 dias mais, para umha ecografia 36 e 56 para umha endoscópia digestiva. Por sua vez, os hospitais de Vigo e Ponte Vedra entregam-se a empresa privada e o panorama nom é melhor noutros como o de Monforte onde os despidementos e a desmantelaçom da sanidade pública se encobrem com o eufemismo de “externalizaçom de serviços” a vez que o orçamento para sanidade se reduze em 38 milhons de €, a primeira que desce na história da autoanémia galega. Austeridade para o povo e maos-dadas para os ricaços.

Na leira educativa a gratuidade dos livros de texto passou à história enquanto se inçam as ajudas à concertada e aos centros que segregam por sexo. Fôrom 54.000 alunos os que tivérom que pagar os livros de texto e o modelo universal volta os olhos para um modelo de beneficiência que era o que campava por estes lares hai quarenta anos. Jesús Vasques luciu-se.

Para os centros públicos 25 milhons de € menos. Na educaçom superior, a reconversom industrial aplicada ao ensino denominada Plano Bolonha está-se implantando nas piores condiçons possíveis e as três universidades do país contarám com um 2’5% menos de orçamento. U-lo plano de financiamento para as universidades 2009-2015? “Ni está ni se le espera”. As Galescolas substituírom-se polo título dumha obra de Carlos Casares porque o que é o número de vagas para crianças desceu e Feijoo prometera inçá-lo. O programa de canguros do governo anterior tamém é já auga-de-bacalhau.

E que dizer da política social? 35 centros-de-dia ficam fechados enquanto se chantageia às cámaras municiapis para privatizar os serviços e o mesmo conto para as residências de Vimianço, Monforte de Lemos e Ourense. O que si se apurárom é a declarar o fraude de lei no contrado das 61 trabalhadoras que despedírom do Consórcio Galego de Igualdade e Bem-estar. Os dependentes tenhem muitos deles a prestaçom reconhecida, mas nom som atentidos e só hai 8.000 coidadores dados de alta na Seguridade Social, cobrando os dependentes tarde a sua prestaçom quando no governo anteriro cobravam antes do dia 10. Dos 53.478 dependentes da Galiza som 22.000 as que nom recebem a pestaçom a que tenhem direito. O programa “Jantar na casa” cai agora em grande parte sobre as cámaras municipais como acontece em Chantada, ainda bom que Susana Lopes Abelha é umha flamante e vaidosa secretária de família e bem-estar.

As mulheres deste país seguro que agredeciam mais o fortalecimento da Lei integral contra a violência de género do que o show dos conselheiros com o escárnio e maldizer dos globos o 8 de Março. As vítimas do terrorismo machista levam mais dum ano sem cobrar o salário de liberdade e 50 ficárom sem atender polo despedimento de trabalhadoras em Bem-estar. Fraude de lei, senhor Feijoo, fraude de lei. O PP prefire abaratar-lhe o custo da segunda vivenda aos que podem permitir-se chegar a tal cousa e em prejuízo das rendas mais baixas, mentres aprovam um novo imposto indirecto sobre a auga.

O clientelismo volve com força para acabar de rematar esta terrível diagnose da situaçom da Galiza um ano após a vitória do PP. Eis as moçons de censura de Louzám em Ponte Vedra, eis a teocracia de Baltar II em Ourense e as suas “fichages”. Nada novo sob o sol. Por enquanto falam de austeridade o gasto corrente sobe 2 pontos e os gastos correntes improdutivos assi como o gasto de pessoal subem tamém. O endividamento das contas públicas situa-se em 1.197 milhons de €, mas a sua prioridade é atirar o galego das oposiçons e fazer da TVG o seu coto privado onde só lhe falta ao PP dar o parte metereológico, como lhe lembrava o porta-voz do PSOE.

A língua proletária do meu povo na sua boca sempre vam acompanhadas de valores negativos e, por vezes, até racistas. Porque para o PP o galego empobrece, ainda que logo emporca-lhe as palavras de Castelao e digam que sentem “amor por Galicia”. A Galiza do “ano 10” Equivocam-se. Os que empobrecem o galego som os que enfermos de esquizoglossia paranoide rebaixam o orçamento de Normalizaçom Lingüística num 20% e um 15% para traduçons, “salvo para Castelao e Desván de los Monjes” como lhe lembrava ao PP Aymerich. A RAG paga caro a sua ousadia e tem que volver a ser mansa para recuperar o 30% que perdeu. O mesmo podemos aplicar-lhe às equipas de normalizaçom dos centros. Está claro todos os cartos de normalizaçom para esses jornais “galleguistas de centro moderado” como La Voz de la inmundicia e os empresários “tan gallegos como el gallego” do foro de Vigo.

Podemos condensar todo isto em poucas palavras bem é certo. Chegárom Feijoo e o PP ao governo galego o 1 de Março de 2009?. A resposta já foi antecipada: ni están, ni se les espera. E si senhor Ruiz Rivas, se o pobre de Marx levantara a cabeça...

Santa Cruz de Viana, 17 de Março de 2010.


[1] http://revoltairmandinha.blogspot.com/2010/03/as-mentiras-do-ultraliberalismo-good.html

segunda-feira, 15 de março de 2010

Nacionalismo



Indicava com acerto Jesús Tusón no seu ensaio El lujo del lenguaje que por si soa a palavra nacionalismo era neutra e que precisava de adjectivaçom. No Estado espanhol o nacionalismo espanhol demoniza os discursos nacionais opostos a el, tildando-os de nacionalismo como se eles nom foram nacionalistas.

De facto, o nacionalismo é a idiosincrasia, o argumento e o latejo de cada naçom e desde que o home deixou de ser mono existe a consciência da existência de comunidades ou tribos, embriom das actuais naçons ou nacionalidades. O próprio termo da conservadora constituiçom de 1978 "nacionalidades históricas" ratifica que esses territórios som é fôrom naçons por muito que ao espanholismo lhe doia como dizia Suso de Toro no seu livro Españois todos:

"A acusación xenérica contra 'o nacionalismo' é simplemente propaganda na guerra ideolóxica entre discursos nacionais. Os estados nación teñen un nacionalismo que pretenden invisíbel, din que non son nacionalistas; iso é unha mentira, unha arma dos nacionalismos xa realizados, constituídos en Estado, contra os que aspiran a existir ou medrar. E non che hai mais.

(...)

O nacionalismo é necesario para que exista unha nación, todas e calquera. (...) Todas esas comunidades teñen un discurso nacional que lles dá identidade. E, ademais, digámolo claramente, defenden os seus intereses e recursos como comunidade e, dentro deles, mo sinaladamente, os da súa clase ou grupo dirixente. Detrás de todo nacionalismo, todos, hai, a máis de poesía, unha cartilla de contas".

quinta-feira, 11 de março de 2010

10 de Março dia da CLASSE OPERÁRIA GALEGA


A LEGÍTIMA DEFESA
"Para vós carrascos
o perdom nom tem nome.
A justiça vai soar
o sangue das vidas caídas
nos matos da morte clamando justiça.
É a chama da humanidade
cantando a esperança
num mundo sem peias
onde a liberdade
é a pátria dos homens", Alda do Espírito Santo em É o nosso solo sagrado
da terra.


Sucedeu em 1972. Como recordava o bardo nacional Manuel Maria Amador e Daniel ergueram-se cedo. Amador Rei e Daniel Niebla eram dous dirigentes sindicalistas que em Março de 1972 emprenderam em Bazám umha digna e justa luita por um convénio colectivo que beneficiara aos operários esmagados, onte coma hoje, pola patronal. O dia sete de Março comunicava-se a empresa que o convénio interprovincial ficava assinado, mas a patonal nom podia permitir isto e a luita radicalizou-se quando se concentrárom os operários às portas da factoria o dia nove.
Eram os tempos do sindicalismo de classe que escapava do controlo do sindicato vertical da ditadura nacional-católica. Nom se podia coptar a dignidade dos representantes sindicais, nom era crível a retórica de "menos viajar y más leer periódicos". O Estado ao serviço das elites dirigentes, onte coma hoje, enviou a polícia a fazer o trabalho sujo e os operários resistem. Nessa desigual luita entre a razom e a barbárie e onde caem assassinados Amador Rei e Daniel Niebla ao dirigir-se à Ponte das Pias de Ferrol e outros 16 trabalhadores resultam feridos. E é por isto que hoje, dia 1o de Março, quase quatro décadas após daquel fatídico dia, o sindicalismo de classe voltou manifestar-se no dia da classe operária galega. Hoje coma onte AMADOR, DANIEL, NA RUA A LUITA CONTINUA!

EMBOSCADA
"O dia estranhamente frio
o tempo estranhamente lento
a vegetaçom estranhamente densa
a estrada estranhamente clara
todos estranhamente mudos
placados e estranhamente à espera.

Um tiro
e as rajadas uns segundos
até que estranhamente duro
o silêncio comandou de novo os movimentos.

Talvez fossem homens bons os que caíram
mas cumpriam estranhamente o crime
de assassinar a pátria alheia que pisavam", Costa Andrade em Poesia com armas.



Sucedeu o 10 de Março de 1965. Na paróquia de Belesar, hoje enclave turístico da Ribeira Sacra e umhas das mais formosas paróquias do concelho de Chantada, morria um símbolo aos 51 ano. A polícia abatia ao último guerrilheiro antifranquista. Morria José Castro Veiga, "o Piloto", morria para sempre a II República espanhola. Mas nom morrérom os anseios de liberdade, dignidade e fraternidade da classe trabalhadora. Nom morreu a sua memória e o guerrilheiro venceu umha guerra moral sobre a barbárie do fascismo. Mas a história começa no Corgo em 1915, onde nascia José Castro Veiga que receberia a sua alcunha como conseqüência do seu passo pola aviaçom republicana chegando a cabo. Em 1939 caiu preso coma tantos outros e foi condenado a 30 anos de cadeia, mas por acasos do destino safou-se aos quatro anos pola superpopulaçom dos cárcares franquistas e tornou a Galiza em 1945, onde se integrou na resistência galega. Estendeu o PCE pola orografia galega e a luita armada contra os assassinos da democracia. Desde 1949 actuava só ao desmantelar a polícia a III Agrupaçom de Bóveda... mas essa soidade era relativa... coma todos os síbolos "O Piloto" é parte viva do povo de Chantada e cada dez de Março volta a vista atrás e olha como um ramalho de flores lembra que a dignidade nunca se assassina, que a "semente de vencer" de que falava Castelao é um constante relevo e que nós passaremos mas sempre, sempre, sempre, enquanto o home seja home, haverá alguém disposto a voltar a colher numha mao a fouce e na outra mao a oliva... Nom seria justo esquecer este dez de Março a José Castro Veiga nem a sua companheira Mirelhe.

"Após o ardor da reconquista
nom caírom manás sobre os nossos campos
e na dura travessia do deserto
apreendemos que a terra prometida era aqui
ainda aqui e sempre aqui.
Duas ilhas indómitas a desbravar
o padrom a ser erguido pola nudez insepulta dos nossos punhos", Conceiçao Lima em Descoberta.

Sucedeu tamém o dia dez de Março. Desta volta em 1944. O deputado galeguista e presidente do Conselho da Galiza, já quase cego, Afonso Daniel Rodrigues Castelao dava ao prelo um livro sem o que nom se explicaria o arredismo emancipador galego. Em Bos Aires aparecia o Sempre em Galiza, "bíblia" ainda viva escrita polo companheiro Daniel que descansa em Bonaval, pola desvergonha dos que agora se apropriam do seu nome e atacam o seu ideário. Já sucedera o mesmo em Palestina no ano 31, talvez tamém num dez de Março... quem sabe. Mas os ilotas, os que comem na maséira da sua miséria, tarde ou cedo cairám e será o tempo dos bons e generosos, da utopia que nom morreu nem em Ferrol, nem em Belesar, nem em Bos Aires... porque a utopia é o que nos fai livres e a liverdade necessariamente terá que vencer... "o povo só se salvará quando deixe de ser massa". 1944, parece que foi hoje.





Esquecia-me dum outro aniversário. Sucedeu o onze de Março de 1992. Desde o seu escano do Parlamento José Manuel Beiras saca o sapato lembrando aquel gesto de Kruchev na O.N.U. e o BNG catapulta-se definitivamente como alternativa nacional de esquerdas. Covém lembrar hoje essa image de dignidade do José Manuel Beiras Torrado, histórico dirigente do Bloque Nacionalista Galego e enquadrado na actualidade no Encontro Irmandinho, dando golpes com o seu sapato no escano do parlamento da Galiza porque Manuel Fraga había propujera umha reforma do regulamento da cámara autonómica polo que o direito a réplica ficava praticamente anulado. Beiras naquel momento mostrou o seu descontento, e a dignidade do nacionalismo emancipador galego, a sapataço limpo já que parece increível que numha democracia (apenas formal bem é certo) se negue a possibilidade de expor as posturas políticas de cada grupo nas instuiçons onde teoricamente se dilucida a soberania popular tam cacarejada polos representantes do povo. Tamém onte coma hoje, tamém parece que foi onte.


terça-feira, 9 de março de 2010

8 de Março, as moças galegas o motor do país. Que nom nos parem!!!



04/03/2010

Este é o lema da campanha que a Assembleia de Mulheres da Galiza Nova pom em marcha com motivo deste 8 de Março. A nossa organizaçom pegará cartazes, repartirá colantes e distribuirá um novo Activas, voceiro da Assembleia de Mulheres, centrado na denúncia da situaçom laboral que sofrem as moças galegas, o 125 cabodano da 1ª feminista galega, Rosalía de Castro e um breve recordatório da história destes 100 anos de celebraçom do 8 de Março. Descarrega-o



O BNG da comarca tamém puxo em funcionamento um novo espaço web centrado na mulher e ao que vos remitimos tamém para que colaboredes com o que estimedes oportuno. O endereço do mesmo é: http://mulleresentresileminho.blogspot.com/.


+ Relaçom de artigos recomendáveis sobre feminismo para além dos já citados:











Tamém o vindouro 10 de Março é o dia da classe trabalhadora galega, em comemoraçom do assassinato dos dous trabalhadores Amador e Daniel, o mesmo dia que falecia o derradeiro guerrilheiro da Galiza, tam conhecido por todos os chantadinos: José Castro Veiga, "o Piloto". Nesse mesmo dia contaremos em Chantada com a presença de José Manuel Beiras Torrado.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Entrevista a Carlos Taibo

Carlos Taibo, especialista em geo-política, escritor e novo sócio da AGAL


O professor Taibo tornou-se recentemente sócio da AGAL


Nova tirada de aqui


PGL - Carlos Taibo nasceu em Madrid, de pais galegos, onde é professor titular de Ciência Política e da Administração na Universidade Autónoma. Como foi o teu contato com a língua na distância?

CT - Na casa dos meus pais em Madrid a língua tinha uma presença carateristicamente diglóssica. Mesmo assim, pairava por ali. Além disso, não devo esquecer que eu passei muito tempo na Galiza, fundamentalmente nos verões. Com o passar dos anos, enfim, e já semi-adulto, o contato com o país muito teve que ver com o meu irmão Nacho.

PGL - Quais foram os teus primeiros contatos com a estratégia reintegracionista e quais os argumentos que te levaram a aderir a ela?

CT - Acho que como tantas outras pessoas um dia, há muitos anos, cheguei a conclusão de que era absurdo o isolacionismo geral postulado pelas diferentes instituições galegas. E isso foi assim em certa medida, naturalmente, pelo facto de ampliar sensivelmente, com o passar dos anos, o meu conhecimento relativo à lusofonia. Assim as coisas, os argumentos tinham uma dupla condição: se uns apontavam à identificação de problemas graves na inserção da Galiza no Estado espanhol, outros nasciam da consciência da existência de um espaço comum no mundo lusófono.

PGL - És autor de vários livros sobre a globalização. Em tua opinião, é possível uma variedade linguística existir socialmente se não tem a cobertura de um estado?

CT - É possível, sim. Não acho que a ausência de um estado seja um problema principal, ainda que, naturalmente, se uma comunidade política vive num estado em que os seus direitos mais elementares são violentados, resulta lógico que desenvolva o desejo de dispor de um estado próprio. Mesmo assim, devo confessar que sinto pouca simpatia pelos estados, instituições em que vejo sempre fórmulas autoritárias e imposições.

PGL - Que podemos aprender da Europa do leste relativamente à gestão da sua riqueza linguística?

CT - Nada particularmente estimulante. Muitos dos problemas que temos nós revelam-se também nesses países, com o agregado de encontrar-se estes numa visível idealização das mercadorias políticas e culturais que vêm do mundo ocidental.

PGL - Falando em estratégias e tácticas, qual achas que deviam ser os guias do movimento reintegracionista?

CT - Suponho que uma prioridade central e ter 'sentidinho'. A nossa tarefa principal deve ser a vinculada com uma pedagogia crítica que permita salientar as evidências. Em qualquer caso, o facto certo de a língua da Galiza estar em situação muito delicada não é argumento bastante para adiar a reivindicação da reintegração linguística e cultural com o mundo lusófono.

PGL - Que visão tinhas da AGAL, que te motivou a te associares e que esperas dela?

CT - Creio que a tarefa da AGAL tem sido durante anos heroica. Basta com olhar o listado das suas publicações para perceber que na Galiza existe, afortunadamente, uma cultura resistente que não é subvencionada.

PGL - No mês de março vai sair do prelo um livro de Carlos Taibo com o selo da Agal, Através editora. Será uma grande surpresa para as pessoas que seguem a tua trajetória, não achas?

CT - Talvez. Mas devo confessar que não escrevi o libro sobre Pessoa –isso é: um volume de ensaios sobre as vidas do poeta-- para surpreender ninguém. Era uma dívida pessoal que eu tinha com Pessoa e que, acho, ficou razoavelmente pagada.

PGL - Recentemente publicamos no PGL um artigo de Matias Escalero a respeito do Projeto Burela, um de cujos responsáveis é Bernardo Penabade. O professor Moreno Cabrera tem-se destacado pola sua defesa de um plurilinguismo real e em igualdade de condições no Reino de Espanha. São dous casos de cidadãos castelhanos a oferecer uma atitude diferente daquela que estamos habituados. São casos isolados ou está a haver uma pequena movimentação?

CT - São infelizmente casos isolados. Mesmo assim, cumpre fazer um esforço de pedagogia na certeza de que em Castela há muita gente capaz de compreender os problemas da 'periferia' peninsular.



Conhecendo Carlos Taibo




Um sítio web: www.decrecimiento.info

Um invento: a imprensa

Uma música: 'Os índios da meia praia', de Zeca Afonso

Um livro: 'A conquista do pão' de Kropotkin

Um facto histórico: as coletivizações libertárias durante a guerra civil em Espanha

Um prato na mesa: o arroz à cubana

Um desporto: o ciclismo

Um filme: 'Terra e liberdade', de Ken Loach

Uma maravilha: a vida

Além de galego: cidadão inquieto dum planeta que se vai