Mais ou menos conhecida é a teoria da agênda-setting. Esta di-nos que a sociedade fala duns temas e nom de outros a partir, tamém, da informaçom que consome dos meia. Ou seja, que a gente remata falando do que vê na televisom, escoita na rádio e lê nos jornais. E digo que é mais ou menos conhecida porque amiúdo confunde-se, inclusive em círculos académicos, com outras teorias. Nom é o mesmo os temas dos que fala a gente ca do que gostariam os meios que comentara. Eis onde entra em jogo umha outra teoria, a da tematizaçom.
Tematizar nom é mais nada ca intentar incrustar uns ou outros temas na agênda política para assí controlar melhor a conjuntura. Assí o afirma o teórico Carlo Marletti. Em definitiva, tematizar significa informar (ou desinformar) reiteradamente sobre uns temas para condicionar a agênda-setting da sociedade e, em conseqüência, tentar influir nas atitudes do público.
No Estado espanhol, o conflito provavelmente mais tematizado é o encaixe das distintas naçons que nel tentam conviver. Concretando, os conflitos [galego,] basco e catalám aparecem continuamente nos meia espanhóis. Isto seria lógico se realmente houvera conflito. Porém precisamente o que se fai e criar, tematizar, uns conflitos onde nom os hai. Neste intre quando os meios decidem insistir na perpetuaçom de temas para tentar condicionar as atitudes dos seus consumidores[2].
Exemplos ainda mais concretos temos a moreias. Porém para nom maçar, centraremo-nos só em dous, actuais e, ao mesmo tempo, quase eternos. O primeiro é a ofensiva implacável contra a política lingüística catalá. Em Catalunya nom existe nengum conflito co castelhano. Todos os moços que vivem no nosso país rematam os estudos sabendo mais castelhano do que catalám. As provas de Selectividade assí o demonstram. E nengum cidadao de Catalunya, absolutamente nengum, tem problemas para viver toda a sua vida sem empregar umha soa palavra da língua própria deste território.
O ouro exemplo é a (nom) participaçom de ETA nos atentados do 11-M. Passárom mais de quatro anos desde aquel crime massivo; julgárom-se e condenárom-se os principais autores; desmontárom-se todas as teorias conspiratórias, mas ETA seguiu assomando-se aos cabeçalhos dalguns meios de comunicaçom ao lado do 11-M.
A intençom é clara. No caso do catalám, alguns meios de comunicaçom, dumha tendência ideológica marcadamente anticatalá ( nom só anticatalanista), dam asas a manifestos demagógicos publicando-os acotío na capa. Provavelmente sabem que o se denúncia é falso, mas nom importa. No fundo, o que interessa é criar a sensaçom [permanente] de conflito para assí justificar e condicionar as atitudes políticas da sociedade espanhola. Exactamente o mesmo pretende-se quando se tenta tematizar a ideia de que ETA estivo por trás dos atentados mais sangrentos da história moderna da Espanha.
A estes meios de comunicaçom, no fundo, o que lhes inqueda é o simples questonamento da unidade de Espanha. Sabem que nestes territórios existe um número importante de gente que defende um direito, o da autodeterminaçom dos povos, que algum dia pode ser exercido livremente. E o dia que isto passe poderia ganhar o sí à independência. Nom nos enganemos, este mesmo temor tenhem-no outros meios, incluso os mais importantes editados em Catalunya e Euzkadi [já nom falemos de La Voz de Galicia na nossa naçom]. Com umha diferença: utilizam outras estratégias menos agressivas para convencer ao público de que a independência destes territórios nom é a soluçom ao conflito.
Porém o que nom semelha que tenham bem estudado os responsáveis destes meios de comunicaçom é a influência real das suas estratégias tematizadoras. Provavelmente criam-se as enquissas e os estudos de opiniom pagados por eles mesmos. Ou, ao melhor, fiam-se mais dos comentários que lem nos seus portais electrónicos ou das cartas recebidas que destas enquissas. Porém se leram moitos dos estudos sérios que se realizam cada pouco, entre eles algumhas tesinhas doutorais, descobririam que a influência nos consumidores de meios amiúdo é menor da desejada. Por vezes, incluso produze o efeito a contrário quando o público implicado sabe discernir claramente os feitos reais dos inventados ou tergiversados. Está demonstrado que a influência dos meios é menor quanto mais perto está o público do conflito tematizado. E ao revês, quando mais longe estás dum tema informativo, maior é a credibilidade e influência que tenhem os meios de comunicaçom.
Assí, estám conseguindo nos territórios implicados o efeito a contrário do desejado. Produze-se em Catalunya o que o presidente da Generalitat de Catalunya denominou desafeiçom a respeito de Espanha. E dixo-o alguém, José Montilla, quem, segundo pensam moitos catalanistas, é um fervente defensor da unidade de Espanha. E consegue-se que os planos soberanistas de Ibarretxe, pese à sentencia adversa do TC, continuem recebendo adesons dentro e fora de Euzkadi.
Quiçais pois, estes meios de comunicaçom, e os poderes políticos e económicos que lhes dam acubilho, tenhem moi clara a sua estratégia comunicativa à hora de tratar de conseguir o seu objectivo político e social. E quiçais haja moitos espanhóis que acreditem e se deixem influir por estas estratégias tematizadoras. Porém quiçais, e só quiçais, se estejam equivocando de estratégia e haja moita gente em Catalunya e em Euzkadi que estejam fretando as maos, porque enquanto uns se empenham em demonstrar que os anjos tenhem sexo eles vem mais perto ca nunca a soluçom ao conflito que padecem.
http://www.chantadanova.blogspot.com
[1] Enric Xicoy i Comas é jornalista e professor da Faculdade de Comunicaçom Blanquema da Universidade Ramon Llul. O artigo original, em castelhano, pode ler-se no jornal Público (15-9-08), a traduçom para o galego-português é nossa e as anotaçons entre colchetes tamém.
[2] Outro exemplo é a pressom que ultimamente se exerce sobre do eleitorado basco para que nom vote ao PNV nem aos partidos “nacionalistas” dando por sentada a vitória das forças espanholistas sem nengumha base objectiva.
Sem comentários:
Enviar um comentário