Circula por Ocidente a absurda ideia de que a nossa política exterior se rege por um impulso humanitário e que as reacçons "terroristas" e antiocidentais som apenas cousas de fanáticos, sem considerarmos que quiçais sejamos o alvo da sua ira. Fai uns dias tivo lugar umha interesante palestra do Carlos Taibo sobre o conflito na Tchetchênia, no Centro Social A Gentalha do Pichel de Compostela, e nesta breve reflexom encaminharemo-nos por umha análise da política exterior dessa instituiçom servil do Imperialismo chamada OTAN, NATO nas suas siglas inglesas. Para isso basearemo-nos basicamente no capítulo 8 do livro de Noam Chomsky intitulado Hegemony or survival de 2003.
Parece claro que hodierno ninguém comemora o sucesso de Nikita Krushchev por ter posicionado mísseis nucleares em Cuba, nem condena os arautos do meto que alertaram para a ameaça que isso representava. Tamém ninguém aplaude o líder de Coréia do Norte por desenvolver armas nucleares e fornecer tecnologia ao Paquistám para a fabricaçom de mísseis, assi como nom denigrimos os que alertam para as possíveis conseqüênicas apenas porque elas nom se concretizam. Um apologista da violência de Estado que adotasse tais posiçons seria considerado um mostro imoral ou um lunático. Todo isto semelha óbvio até que os mesmos critérios devem ser aplicados a política exterior do Ocidente, aí como dizia o célebre anúncio de R "cambia-che o conto". Quando somos nós os apologistas da violência de Estado a postura do monstro imoral troca em altamente honrada e a adopçom dos truísmos e condenada com indignaçom e repulsa.
Em primeiro lugar assistimos a escala planetária ao que se tem denominado "Guerra ao terrorismo", nom sendo esta mais do que umha continuaçom daquela outra que iniciara no seu dia Ronald Reagan apoiando aos contras em Nicarágua e denominada por Bush II como War on terror. Vaia por diante que o termo terrorismo é extremadamente difícil de definir. Se nos restringimos as versons oficiais do Império o terrorismo é o "uso calculado de violência ou ameaça de violência para alcançar metas de natureza política, religiosa ou ideológica por meio de intimidaçom, coaçom ou instalaçom do medo", mas entom as invasons do Iraque e do Afeganistám nom som actos de terrorismo? A dupla moral é clara.
Na verdade as definiçons oficias de terrorismo venhem a coincidir com as de contraterrorismo que oferecem as mesmas fontes, camuflando por vezes o termo baixo o sintagma "conflito de baixa intensidade" ou simplesmente como "contra-insurgência": fôrom os atentados do 11-S ou do 11-M por acaso um conflito de baixa intensidade? No entanto, sob a etiqueta contraterrorismo acocha-se a OTAN e os EUA para cometer qualquer acto de barbárie em nome da liberdade, da democria e dos Direitos Humanos, palavras que em sua boca cheiram a xofre. Como indicou Ahmed Rashid "hai um crescente ressentimento, devido ao facto do apoio americano estar permitindo que o regime militar [de Musharraf] retarde o cumprimento da promessa de democracia" no Paquistám e na mesma linha vai o egípcio El Lozy: "todo e qualquer governo antidemocrático no mundo árabe-islámico [é apoiado polos EUA] (...) Quando ouvimos as autoridades americanas falarem de liberdade, democracia e valores desse tipo, nas suas bocas essas palavras soam obscenas".
Na War on terror semelha que o terrorismo é enxergado apenas como a arma dos fracos e o terror limita-se às acçons suas. Por contra, nos casos de contra-insurgência os militares americanos sempre olhárom admirados para a doutrina nazi e mesmo oficiais da Wehrmacht assessorárom Washintong durande décadas. Daquela, desde a perspectiva do opresor pouca diferença hai entre "terrorismo" e "resistência", ignorando o recolhido polos estatutos das Naçons Unidas, que reconhecem a legitimidade das acçons exercida a prol do "direito de autodecisom, liberdade e independência quando esses direitos lhe fôrom tirados a esses povos mediante o uso da força, principlamente povos sob regimes colonialistas e racistas e ocupaçom estrangeira". Para o primeiro caso podemos exemplificar com a Palestina, para a segunda a Tchetchênia, o Iraque ou o Afeganistám. Esta resoluçom data de 1987 e a votaçom foi de 153 a 2 com a única abstençom de Honduras, quem votou entom em contra? Husseim? os talibáns ou qualquer outro tirano terrorista? Nom votárom em contra as grandes "democracias": os Estados Unidos de América (EUA) e o estado nazi-sionista de Israel.
A guerra ao terrorismo nom passa hoje de ser umha actualizaçom da velha guerra contra o "comunismo", que serviu no Estado espanhol para derribar um governo burguês legitimamente referendado nas furnas ou para promocionar o ascenso de Hitler ao poder. Durante décadas em latino-américa apreendêrom bem quem eram os comunistas aos que combatiam as forças ianquis: os pobres e oprimidos que tinham a valentia, ou a ousadia vistos desde o Império, de erguer-se contra a doutrina Monroe, por exemplo o apoio ao golpe de estado de Augusto Pinochet em Chile. Portanto, atacar alvos fáceis é um acto terrorista ou umha causa nobre dependendo se o fai um governo Ocidental ou um talibám.
Podemos aduzir porém que nos somos culpáveis dos factos dos EUA -algo falso ao brindar-lhe e apoio e cobertura servil, mas bom-, no entanto exacerbamo-nos condenando aos "piratas" somalís que atacam aos nossos marinheiros "espanhóis". Os marinheiros espanhóis pescam em augas internacionais, augas que pertencem a todos os países do mundo em teoria, mas nos que só podem manter fortalezas flotantes uns pouvos previlegiados, ao igual que o marinheiro somalí nom pode capturar toneladas de peixe com umha barca que apenas pode alonjar-se da costa... eis o truismo ocidental assentado ainda totalmente no mais burso darwinismo social. Recentemente ouvia eu a umha jovem universitária dizer que nom era racista, que ela apenas era ordenada e que, daquela, cada um devia ficar no seu país. Isto é quase esperpéntico ouví-lo na Galiza que produziu tanta emigraçom como muitos dos estados africanos.
Recentemente, Barak Obama recebeu, nom sabemos ainda mui bem polo quê, o prémio Nobel da Paz, consolidando a tradiçom de entregar-lho a terroristas com rosto amável pois já se sabe que "no país dos cegos o torto é o rei". Quando se iniciou a guerra do Afeganistám, sob o pretexto dos atentados do 11-S (ocultando como se figera na II Grande Guerra com Pearl Harbor ou no Vietnám com o Golfo de Tonquim as verdadeiras causas de evidente cariz económico), defendeu-se que umha ampla maioria no Ocidente apoiava as acçons "truístas" dos EUA. Porém, a grande maioria da populaçom mundial estava em contra: em Grécia apoiavam os bombardeios 8%, na França 29%, em México 2%, em Venezuela 11% e em Colômbia, aliado preferente dos EUA com um governo terrorista, mesmo e irrisório 11%.
Os bombardeios justificárom-se porque os responsáveis do atentado do 11-S, com indícios claros de ter sido instigado pola CIA, foram identificados e o regime talibám fornecera-lhes ajuda. Porém, oito meses despois, em Junho de 2002, o director do FBI, Robert Mueller, nom pudo mais que aduzir umha responsabilidade indirecta do Afeganistám nom maior ca da Alemanha, onde se treinaram os pilotos, ou a dos Emiratos Árabes Unidos. A fim de contas, se a responsabilidade indirecta do Afeganistám podia apenas ser inferida em Junho de 2002 resulta evidente que nom existia nengumha certeza que justificara um ataque desproporcionado dessas dimensons oito meses antes, quando Bush II ordenou o ataque, quer dizer, que o bombardeio foi um crime de guerra, um acto de agressom em toda regra.
Nom muito diferente foi o bombardeio da OTAN sobre Sérvia, amparando-se na violaçom dos Direitos Humanos do povo albanês. Ano e meio despois, quando se lhe perguntou a Javier Solana a razom pola qual nom intervinheram na agressom da Rússia a Tchetchênia, este afirmou que "a Rússia nom podia ser tratada como Sérvia porque tinha cabeças nucleares". Noutras palavras, que a OTAN dá-lhe a razom a Fidel Castro na crise dos mísseis como resposta à invasom da Baia dos Porcos ou ao programa nuclear de Irám ou Coréia do Norte, vaites, vaites ou caráfio como mais goste o leitor.
Para além disso, no caso do Afeganistám era claro que o bombardeio punha em risco milhons de vida que poderiam nom morrer já directamente, senom que pola acçom da fame corriam sério risco de desnutriçom; eram todos talibáns? por acaso nom justifica isto os atentados do 11-S ou do 11-M onde o oprimido tampouco distingue entre civis e tiranos? Quando a Nicarágua ou Cuba sofriam os ataques terroristas, financiados e desenhados polos EUA provadamente, reagírom em "legítima defesa" jogando bombas em Washintong, Nova York ou Miami? Quem é que promocionou com a sua estrategia imperialista o terrorismo indiscrinado de Al-Qaeda? Quem treinou aos talibáns durante a invasom soviética do Afeganistám em 1986?
Outro motivo recorrente aduzido por Bush, Blair ou Aznar, e nom menos repulsivo do que o anterior, era que o governo talibám recusava entregar aos suspeitosos de cometer as atrocidades do 11-M. No entanto, os EUA negárom-se em redondo a fornecer qualquer prova para justificar umha extraditaçom. Nesse mesmo período o Haiti solicitou, mais umha vez, a extraditaçom do sanguinário Emmanuel Constant, líder das forças paramilitares responsáveis de milhares de assasinatos e apoiado polos governos de Bush I e Clinton. Porém, isso deu direito ao Haiti para deitar bombas em Washintong? Ou de seqüestrar e assassinar a Constant na sua cidade de residência, Nova York, eliminando de passo a dúzias de civis como fai Israel? Seriam denominados estes cidadaos americanos ou israelis mortos como "danos colaterais"? Tem já ilustre prosápia aquela sentência da doutrina Bush: "Se você abriga terroristas, você é um terrorista; se você ajuda e apoia terroristas, você é um terrorist e será tratado como tal". Apliquemo-nos logo o conto.
Todo isto da War on terror nom é mais que a extensom dum princípio forjado polo ultraliberalismo e que tenta fazer acreditar ao Ocidente que todos os males do mundo som culpa do "terrorismo", toda vez que o "comunismo" parece ter sido vencido ou, quando menos, silenciado momentanemente. Esta doutrina tenta legitimar umha outro princípio, na verdade o terrorismo internacional mesmo, que estabelece que os bombardeios maciços som umha resposta legítima a crimes terroristas. E entom legítimo que o Estado espanhol bombardeie maciçamente a Euskal Herria polas acçons da ETA? Bombardeou o Reino Unido a Irlanda polas acçons do IRA? Tamém Hitler baseou boa parte da sua repressom e das suas acçons imperialistas sob a escusa de combater o terrorismo, a história, infelizmente, repete-se mais umha vez.
A defesa dos Direitos Humanos, da democracia ou da liberdade som apenas imensas cortinas de fumo para silenciar as passivas consciências ocidentais. Em 1998 o presidente Clinton autorizou o bombardeio da indústria farmaceútica al-Shifa no paupérrimo e infensivo Sudám. O pretexto empregado na altura era que ali se produziam armas de destruiçom maciça - como se aduziu no Iraque, tamém falsamente-. O resultado foi que a maior fonte de medicamentos farmacológicos e veterinários do país foi exterminada e milhares de pessoas morrêrom a conseqüência disso. Como aponta Noam Chomsky:
"Um crime equivalente a umha mera fracçom dessa dimensom deixaria o alvo enfurecido, caso el fosse os Estados Unidos, Israel ou algumha outra vítima valiosa, e provocaria retaliaçons do tipo que chegamos a relutar em imaginar, que, além de todo, ainda seriam aplaudidas como um exemplo paradigmático de guerra justa. Segundo o princípio da proporcionalidade deduze-se que o Sudám tenha todo o direito de revidar com terrorismo maciço (...) muito pior do que os crimes de 11 de Setembro, que fôrom chocantes, si, mas nom gerárom tais conseqüências.
Do exposto até o de agora tiram-se duas conclusons claras com as que queremos rematar:
a) A política exterio Ocidental é de por si hipócrita, regida por umha dupla moral abominável. Muitas atrozidades que correctamente denunciamos nom som intencionais (como os denominados "danos coleterais"), ainda que isto nom tenha sido em conta quando o responsável é "o outro", o diferente, o estrangeiro.
b) A política exterior dos EUA, de Israel e da servil UE nom fai mais que avivar a possibilidade dumha escalada do terrorismo mundial, já que a depauperaçom dos países árabes e africanos só fai ir em aumento cada dia. Enquanto os EUA e os seus sócios apoiam a ditaduras e governos corruptos por todo o globo, o ódio a Ocidente só fai inçar-se e as posiçons do islamismo estám a ganhar posiçons em todos os países muçulmanos e até entre as elites económicas de boa parte deles, com o agravante o monopólio da violência já nom pertence apenas aos ricos e poderosos com novas armas de destruiçom maciça. Neste sentido o ultraliberalismo só fixo agravar o problema ao adelgazar cada vez mais a funçom do estado e drenar cada vez mais recursos da periferia para o centro aumentando a precaridade da grande maioria da populaçom desses países, muitos deles riquíssimos em recursos. Por outro lado, deixar que os palestinos enfrentem com pedras os tanques israelenses é um garante certo para fomentar e alimentar o ódio islámico contra o Ocidente.
Em resumo, o Ocidente é um accidente, o maior e mais organizado grupo terrorista do mundo.
+ Informaçom:
Na Rede
Resumo da palestra do Carlos Taibo sobre a Tchetchênia:
http://wwwafiador.blogspot.com/2009/11/resumo-e-comentario-as-palestras-de.html
Livros recomendáveis:
CHOMSKY, Noam (2003), Hegemony or survival, Metropolitan Books [nós manejamos a ediçom brasileira: O império americano: hegemonia ou sobrevivência, Campus editora, Rio de Janeiro, 2004, 3ª ediçom.
Parece claro que hodierno ninguém comemora o sucesso de Nikita Krushchev por ter posicionado mísseis nucleares em Cuba, nem condena os arautos do meto que alertaram para a ameaça que isso representava. Tamém ninguém aplaude o líder de Coréia do Norte por desenvolver armas nucleares e fornecer tecnologia ao Paquistám para a fabricaçom de mísseis, assi como nom denigrimos os que alertam para as possíveis conseqüênicas apenas porque elas nom se concretizam. Um apologista da violência de Estado que adotasse tais posiçons seria considerado um mostro imoral ou um lunático. Todo isto semelha óbvio até que os mesmos critérios devem ser aplicados a política exterior do Ocidente, aí como dizia o célebre anúncio de R "cambia-che o conto". Quando somos nós os apologistas da violência de Estado a postura do monstro imoral troca em altamente honrada e a adopçom dos truísmos e condenada com indignaçom e repulsa.
Em primeiro lugar assistimos a escala planetária ao que se tem denominado "Guerra ao terrorismo", nom sendo esta mais do que umha continuaçom daquela outra que iniciara no seu dia Ronald Reagan apoiando aos contras em Nicarágua e denominada por Bush II como War on terror. Vaia por diante que o termo terrorismo é extremadamente difícil de definir. Se nos restringimos as versons oficiais do Império o terrorismo é o "uso calculado de violência ou ameaça de violência para alcançar metas de natureza política, religiosa ou ideológica por meio de intimidaçom, coaçom ou instalaçom do medo", mas entom as invasons do Iraque e do Afeganistám nom som actos de terrorismo? A dupla moral é clara.
Na verdade as definiçons oficias de terrorismo venhem a coincidir com as de contraterrorismo que oferecem as mesmas fontes, camuflando por vezes o termo baixo o sintagma "conflito de baixa intensidade" ou simplesmente como "contra-insurgência": fôrom os atentados do 11-S ou do 11-M por acaso um conflito de baixa intensidade? No entanto, sob a etiqueta contraterrorismo acocha-se a OTAN e os EUA para cometer qualquer acto de barbárie em nome da liberdade, da democria e dos Direitos Humanos, palavras que em sua boca cheiram a xofre. Como indicou Ahmed Rashid "hai um crescente ressentimento, devido ao facto do apoio americano estar permitindo que o regime militar [de Musharraf] retarde o cumprimento da promessa de democracia" no Paquistám e na mesma linha vai o egípcio El Lozy: "todo e qualquer governo antidemocrático no mundo árabe-islámico [é apoiado polos EUA] (...) Quando ouvimos as autoridades americanas falarem de liberdade, democracia e valores desse tipo, nas suas bocas essas palavras soam obscenas".
Na War on terror semelha que o terrorismo é enxergado apenas como a arma dos fracos e o terror limita-se às acçons suas. Por contra, nos casos de contra-insurgência os militares americanos sempre olhárom admirados para a doutrina nazi e mesmo oficiais da Wehrmacht assessorárom Washintong durande décadas. Daquela, desde a perspectiva do opresor pouca diferença hai entre "terrorismo" e "resistência", ignorando o recolhido polos estatutos das Naçons Unidas, que reconhecem a legitimidade das acçons exercida a prol do "direito de autodecisom, liberdade e independência quando esses direitos lhe fôrom tirados a esses povos mediante o uso da força, principlamente povos sob regimes colonialistas e racistas e ocupaçom estrangeira". Para o primeiro caso podemos exemplificar com a Palestina, para a segunda a Tchetchênia, o Iraque ou o Afeganistám. Esta resoluçom data de 1987 e a votaçom foi de 153 a 2 com a única abstençom de Honduras, quem votou entom em contra? Husseim? os talibáns ou qualquer outro tirano terrorista? Nom votárom em contra as grandes "democracias": os Estados Unidos de América (EUA) e o estado nazi-sionista de Israel.
A guerra ao terrorismo nom passa hoje de ser umha actualizaçom da velha guerra contra o "comunismo", que serviu no Estado espanhol para derribar um governo burguês legitimamente referendado nas furnas ou para promocionar o ascenso de Hitler ao poder. Durante décadas em latino-américa apreendêrom bem quem eram os comunistas aos que combatiam as forças ianquis: os pobres e oprimidos que tinham a valentia, ou a ousadia vistos desde o Império, de erguer-se contra a doutrina Monroe, por exemplo o apoio ao golpe de estado de Augusto Pinochet em Chile. Portanto, atacar alvos fáceis é um acto terrorista ou umha causa nobre dependendo se o fai um governo Ocidental ou um talibám.
Podemos aduzir porém que nos somos culpáveis dos factos dos EUA -algo falso ao brindar-lhe e apoio e cobertura servil, mas bom-, no entanto exacerbamo-nos condenando aos "piratas" somalís que atacam aos nossos marinheiros "espanhóis". Os marinheiros espanhóis pescam em augas internacionais, augas que pertencem a todos os países do mundo em teoria, mas nos que só podem manter fortalezas flotantes uns pouvos previlegiados, ao igual que o marinheiro somalí nom pode capturar toneladas de peixe com umha barca que apenas pode alonjar-se da costa... eis o truismo ocidental assentado ainda totalmente no mais burso darwinismo social. Recentemente ouvia eu a umha jovem universitária dizer que nom era racista, que ela apenas era ordenada e que, daquela, cada um devia ficar no seu país. Isto é quase esperpéntico ouví-lo na Galiza que produziu tanta emigraçom como muitos dos estados africanos.
Recentemente, Barak Obama recebeu, nom sabemos ainda mui bem polo quê, o prémio Nobel da Paz, consolidando a tradiçom de entregar-lho a terroristas com rosto amável pois já se sabe que "no país dos cegos o torto é o rei". Quando se iniciou a guerra do Afeganistám, sob o pretexto dos atentados do 11-S (ocultando como se figera na II Grande Guerra com Pearl Harbor ou no Vietnám com o Golfo de Tonquim as verdadeiras causas de evidente cariz económico), defendeu-se que umha ampla maioria no Ocidente apoiava as acçons "truístas" dos EUA. Porém, a grande maioria da populaçom mundial estava em contra: em Grécia apoiavam os bombardeios 8%, na França 29%, em México 2%, em Venezuela 11% e em Colômbia, aliado preferente dos EUA com um governo terrorista, mesmo e irrisório 11%.
Os bombardeios justificárom-se porque os responsáveis do atentado do 11-S, com indícios claros de ter sido instigado pola CIA, foram identificados e o regime talibám fornecera-lhes ajuda. Porém, oito meses despois, em Junho de 2002, o director do FBI, Robert Mueller, nom pudo mais que aduzir umha responsabilidade indirecta do Afeganistám nom maior ca da Alemanha, onde se treinaram os pilotos, ou a dos Emiratos Árabes Unidos. A fim de contas, se a responsabilidade indirecta do Afeganistám podia apenas ser inferida em Junho de 2002 resulta evidente que nom existia nengumha certeza que justificara um ataque desproporcionado dessas dimensons oito meses antes, quando Bush II ordenou o ataque, quer dizer, que o bombardeio foi um crime de guerra, um acto de agressom em toda regra.
Nom muito diferente foi o bombardeio da OTAN sobre Sérvia, amparando-se na violaçom dos Direitos Humanos do povo albanês. Ano e meio despois, quando se lhe perguntou a Javier Solana a razom pola qual nom intervinheram na agressom da Rússia a Tchetchênia, este afirmou que "a Rússia nom podia ser tratada como Sérvia porque tinha cabeças nucleares". Noutras palavras, que a OTAN dá-lhe a razom a Fidel Castro na crise dos mísseis como resposta à invasom da Baia dos Porcos ou ao programa nuclear de Irám ou Coréia do Norte, vaites, vaites ou caráfio como mais goste o leitor.
Para além disso, no caso do Afeganistám era claro que o bombardeio punha em risco milhons de vida que poderiam nom morrer já directamente, senom que pola acçom da fame corriam sério risco de desnutriçom; eram todos talibáns? por acaso nom justifica isto os atentados do 11-S ou do 11-M onde o oprimido tampouco distingue entre civis e tiranos? Quando a Nicarágua ou Cuba sofriam os ataques terroristas, financiados e desenhados polos EUA provadamente, reagírom em "legítima defesa" jogando bombas em Washintong, Nova York ou Miami? Quem é que promocionou com a sua estrategia imperialista o terrorismo indiscrinado de Al-Qaeda? Quem treinou aos talibáns durante a invasom soviética do Afeganistám em 1986?
Outro motivo recorrente aduzido por Bush, Blair ou Aznar, e nom menos repulsivo do que o anterior, era que o governo talibám recusava entregar aos suspeitosos de cometer as atrocidades do 11-M. No entanto, os EUA negárom-se em redondo a fornecer qualquer prova para justificar umha extraditaçom. Nesse mesmo período o Haiti solicitou, mais umha vez, a extraditaçom do sanguinário Emmanuel Constant, líder das forças paramilitares responsáveis de milhares de assasinatos e apoiado polos governos de Bush I e Clinton. Porém, isso deu direito ao Haiti para deitar bombas em Washintong? Ou de seqüestrar e assassinar a Constant na sua cidade de residência, Nova York, eliminando de passo a dúzias de civis como fai Israel? Seriam denominados estes cidadaos americanos ou israelis mortos como "danos colaterais"? Tem já ilustre prosápia aquela sentência da doutrina Bush: "Se você abriga terroristas, você é um terrorista; se você ajuda e apoia terroristas, você é um terrorist e será tratado como tal". Apliquemo-nos logo o conto.
Todo isto da War on terror nom é mais que a extensom dum princípio forjado polo ultraliberalismo e que tenta fazer acreditar ao Ocidente que todos os males do mundo som culpa do "terrorismo", toda vez que o "comunismo" parece ter sido vencido ou, quando menos, silenciado momentanemente. Esta doutrina tenta legitimar umha outro princípio, na verdade o terrorismo internacional mesmo, que estabelece que os bombardeios maciços som umha resposta legítima a crimes terroristas. E entom legítimo que o Estado espanhol bombardeie maciçamente a Euskal Herria polas acçons da ETA? Bombardeou o Reino Unido a Irlanda polas acçons do IRA? Tamém Hitler baseou boa parte da sua repressom e das suas acçons imperialistas sob a escusa de combater o terrorismo, a história, infelizmente, repete-se mais umha vez.
A defesa dos Direitos Humanos, da democracia ou da liberdade som apenas imensas cortinas de fumo para silenciar as passivas consciências ocidentais. Em 1998 o presidente Clinton autorizou o bombardeio da indústria farmaceútica al-Shifa no paupérrimo e infensivo Sudám. O pretexto empregado na altura era que ali se produziam armas de destruiçom maciça - como se aduziu no Iraque, tamém falsamente-. O resultado foi que a maior fonte de medicamentos farmacológicos e veterinários do país foi exterminada e milhares de pessoas morrêrom a conseqüência disso. Como aponta Noam Chomsky:
"Um crime equivalente a umha mera fracçom dessa dimensom deixaria o alvo enfurecido, caso el fosse os Estados Unidos, Israel ou algumha outra vítima valiosa, e provocaria retaliaçons do tipo que chegamos a relutar em imaginar, que, além de todo, ainda seriam aplaudidas como um exemplo paradigmático de guerra justa. Segundo o princípio da proporcionalidade deduze-se que o Sudám tenha todo o direito de revidar com terrorismo maciço (...) muito pior do que os crimes de 11 de Setembro, que fôrom chocantes, si, mas nom gerárom tais conseqüências.
Do exposto até o de agora tiram-se duas conclusons claras com as que queremos rematar:
a) A política exterio Ocidental é de por si hipócrita, regida por umha dupla moral abominável. Muitas atrozidades que correctamente denunciamos nom som intencionais (como os denominados "danos coleterais"), ainda que isto nom tenha sido em conta quando o responsável é "o outro", o diferente, o estrangeiro.
b) A política exterior dos EUA, de Israel e da servil UE nom fai mais que avivar a possibilidade dumha escalada do terrorismo mundial, já que a depauperaçom dos países árabes e africanos só fai ir em aumento cada dia. Enquanto os EUA e os seus sócios apoiam a ditaduras e governos corruptos por todo o globo, o ódio a Ocidente só fai inçar-se e as posiçons do islamismo estám a ganhar posiçons em todos os países muçulmanos e até entre as elites económicas de boa parte deles, com o agravante o monopólio da violência já nom pertence apenas aos ricos e poderosos com novas armas de destruiçom maciça. Neste sentido o ultraliberalismo só fixo agravar o problema ao adelgazar cada vez mais a funçom do estado e drenar cada vez mais recursos da periferia para o centro aumentando a precaridade da grande maioria da populaçom desses países, muitos deles riquíssimos em recursos. Por outro lado, deixar que os palestinos enfrentem com pedras os tanques israelenses é um garante certo para fomentar e alimentar o ódio islámico contra o Ocidente.
Em resumo, o Ocidente é um accidente, o maior e mais organizado grupo terrorista do mundo.
+ Informaçom:
Na Rede
Resumo da palestra do Carlos Taibo sobre a Tchetchênia:
http://wwwafiador.blogspot.com/2009/11/resumo-e-comentario-as-palestras-de.html
Livros recomendáveis:
CHOMSKY, Noam (2003), Hegemony or survival, Metropolitan Books [nós manejamos a ediçom brasileira: O império americano: hegemonia ou sobrevivência, Campus editora, Rio de Janeiro, 2004, 3ª ediçom.
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