A LEGÍTIMA DEFESA
"Para vós carrascos
o perdom nom tem nome.
A justiça vai soar
o sangue das vidas caídas
nos matos da morte clamando justiça.
É a chama da humanidade
cantando a esperança
num mundo sem peias
onde a liberdade
é a pátria dos homens", Alda do Espírito Santo em É o nosso solo sagrado da terra.
Sucedeu em 1972. Como recordava o bardo nacional Manuel Maria Amador e Daniel ergueram-se cedo. Amador Rei e Daniel Niebla eram dous dirigentes sindicalistas que em Março de 1972 emprenderam em Bazám umha digna e justa luita por um convénio colectivo que beneficiara aos operários esmagados, onte coma hoje, pola patronal. O dia sete de Março comunicava-se a empresa que o convénio interprovincial ficava assinado, mas a patonal nom podia permitir isto e a luita radicalizou-se quando se concentrárom os operários às portas da factoria o dia nove.
Eram os tempos do sindicalismo de classe que escapava do controlo do sindicato vertical da ditadura nacional-católica. Nom se podia coptar a dignidade dos representantes sindicais, nom era crível a retórica de "menos viajar y más leer periódicos". O Estado ao serviço das elites dirigentes, onte coma hoje, enviou a polícia a fazer o trabalho sujo e os operários resistem. Nessa desigual luita entre a razom e a barbárie e onde caem assassinados Amador Rei e Daniel Niebla ao dirigir-se à Ponte das Pias de Ferrol e outros 16 trabalhadores resultam feridos. E é por isto que hoje, dia 1o de Março, quase quatro décadas após daquel fatídico dia, o sindicalismo de classe voltou manifestar-se no dia da classe operária galega. Hoje coma onte AMADOR, DANIEL, NA RUA A LUITA CONTINUA!
EMBOSCADA
"O dia estranhamente frio
o tempo estranhamente lento
a vegetaçom estranhamente densa
a estrada estranhamente clara
todos estranhamente mudos
placados e estranhamente à espera.
Um tiro
e as rajadas uns segundos
até que estranhamente duro
o silêncio comandou de novo os movimentos.
Talvez fossem homens bons os que caíram
mas cumpriam estranhamente o crime
de assassinar a pátria alheia que pisavam", Costa Andrade em Poesia com armas.
Sucedeu o 10 de Março de 1965. Na paróquia de Belesar, hoje enclave turístico da Ribeira Sacra e umhas das mais formosas paróquias do concelho de Chantada, morria um símbolo aos 51 ano. A polícia abatia ao último guerrilheiro antifranquista. Morria José Castro Veiga, "o Piloto", morria para sempre a II República espanhola. Mas nom morrérom os anseios de liberdade, dignidade e fraternidade da classe trabalhadora. Nom morreu a sua memória e o guerrilheiro venceu umha guerra moral sobre a barbárie do fascismo. Mas a história começa no Corgo em 1915, onde nascia José Castro Veiga que receberia a sua alcunha como conseqüência do seu passo pola aviaçom republicana chegando a cabo. Em 1939 caiu preso coma tantos outros e foi condenado a 30 anos de cadeia, mas por acasos do destino safou-se aos quatro anos pola superpopulaçom dos cárcares franquistas e tornou a Galiza em 1945, onde se integrou na resistência galega. Estendeu o PCE pola orografia galega e a luita armada contra os assassinos da democracia. Desde 1949 actuava só ao desmantelar a polícia a III Agrupaçom de Bóveda... mas essa soidade era relativa... coma todos os síbolos "O Piloto" é parte viva do povo de Chantada e cada dez de Março volta a vista atrás e olha como um ramalho de flores lembra que a dignidade nunca se assassina, que a "semente de vencer" de que falava Castelao é um constante relevo e que nós passaremos mas sempre, sempre, sempre, enquanto o home seja home, haverá alguém disposto a voltar a colher numha mao a fouce e na outra mao a oliva... Nom seria justo esquecer este dez de Março a José Castro Veiga nem a sua companheira Mirelhe.
"Após o ardor da reconquista
nom caírom manás sobre os nossos campos
e na dura travessia do deserto
apreendemos que a terra prometida era aqui
ainda aqui e sempre aqui.
Duas ilhas indómitas a desbravar
o padrom a ser erguido pola nudez insepulta dos nossos punhos", Conceiçao Lima em Descoberta.
Sucedeu tamém o dia dez de Março. Desta volta em 1944. O deputado galeguista e presidente do Conselho da Galiza, já quase cego, Afonso Daniel Rodrigues Castelao dava ao prelo um livro sem o que nom se explicaria o arredismo emancipador galego. Em Bos Aires aparecia o Sempre em Galiza, "bíblia" ainda viva escrita polo companheiro Daniel que descansa em Bonaval, pola desvergonha dos que agora se apropriam do seu nome e atacam o seu ideário. Já sucedera o mesmo em Palestina no ano 31, talvez tamém num dez de Março... quem sabe. Mas os ilotas, os que comem na maséira da sua miséria, tarde ou cedo cairám e será o tempo dos bons e generosos, da utopia que nom morreu nem em Ferrol, nem em Belesar, nem em Bos Aires... porque a utopia é o que nos fai livres e a liverdade necessariamente terá que vencer... "o povo só se salvará quando deixe de ser massa". 1944, parece que foi hoje.
Esquecia-me dum outro aniversário. Sucedeu o onze de Março de 1992. Desde o seu escano do Parlamento José Manuel Beiras saca o sapato lembrando aquel gesto de Kruchev na O.N.U. e o BNG catapulta-se definitivamente como alternativa nacional de esquerdas. Covém lembrar hoje essa image de dignidade do José Manuel Beiras Torrado, histórico dirigente do Bloque Nacionalista Galego e enquadrado na actualidade no Encontro Irmandinho, dando golpes com o seu sapato no escano do parlamento da Galiza porque Manuel Fraga había propujera umha reforma do regulamento da cámara autonómica polo que o direito a réplica ficava praticamente anulado. Beiras naquel momento mostrou o seu descontento, e a dignidade do nacionalismo emancipador galego, a sapataço limpo já que parece increível que numha democracia (apenas formal bem é certo) se negue a possibilidade de expor as posturas políticas de cada grupo nas instuiçons onde teoricamente se dilucida a soberania popular tam cacarejada polos representantes do povo. Tamém onte coma hoje, tamém parece que foi onte.
2 comentários:
http://www.anosaterra.org/nova/beiras-reclama-unha-asemblea-ordinaria-do-bng-para-este-outono.html
http://www.altermundo.org/content/view/3092/1/
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